Lindbergh: “Francisco levou uma palavra de indignação com as injustiças sociais e de esperança na organização e criatividade dos mais pobres”O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) elogiou, na última segunda-feira (13), em plenário, o discurso proferido pelo papa Francisco, representante máximo da Igreja Católica, em Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, na última semana. Na oportunidade, o papa falou no Encontro Mundial de Movimentos Populares, que reuniu 1.500 militantes do continente e representantes de 40 países. O senador classificou o discurso do papa como “histórico” porque após a queda do Muro de Berlim “eis que temos um Papa com cristalino discurso anticapitalista”.
Para Lindbergh, a disposição do papa de participar de um evento desse tipo demonstra a disposição do papa em ouvir os clamores daqueles que lutam e cristaliza o compromisso dele com os trabalhadores, os sem-terra, os sem-teto e os povos tradicionais.
O papa Francisco fez uma visita à América Latina que durou sete dias passando pelo Equador, Bolívia e Paraguai. Em seu pronunciamento, o senador Lindbergh salientou que, por ser argentino, o papa é um profundo conhecedor das lutas dos povos do continente. “Nessa viagem, [Francisco] levou uma palavra de indignação com as injustiças sociais e de esperança na organização e criatividade dos mais pobres”, disse. “Francisco reencontrou [durante a viagem] a cultura rica e diversa dos latino-americanos, que é marcada por uma história de opressão dos poderosos e resistência dos povos. Nesse processo, forjaram-se sociedades extremamente desiguais que se ergueram sobre o genocídio dos indígenas, o trabalho escravo dos negros, a superexploração dos trabalhadores e a extrema pobreza”, emendou o senador.
Lindbergh ainda destacou que o papa tem um estilo diferente e bastante inovador, “um jeito latino-americano de pensar, de agir e de tratar as pessoas, especialmente os excluídos”.
O papa, durante seu pronunciamento na Bolívia, no encontro, fez um discurso veemente contra as injustiças sociais e apontou com clareza que o sofrimento dos povos é a responsabilidade de um sistema que se tornou global e que se sustenta na lógica do lucro a todo custo: o capitalismo.
“Do fundo do coração, nenhuma família sem teto, nenhum camponês sem terra, nenhum trabalhador sem direitos, nenhum povo sem soberania, nenhuma pessoa sem dignidade, nenhuma criança sem infância, nenhum jovem sem possibilidades, nenhum idoso sem uma veneranda velhice. Continuai com a vossa luta e, por favor, cuidai bem da Mãe Terra”, leu o senador, trecho do discurso papal.
Uma delegação de 250 brasileiros foi até a Bolívia para participar do encontro, sob coordenação do dirigente do Movimento dos Sem Terra (MST), João Pedro Stédile, que foi um dos organizadores do encontro. De acordo com Lindbergh, o representante do MST disse que o discurso do papa foi irretocável por apontar os problemas que a humanidade enfrenta, identificar as causas e fazer uma contundente denúncia do poder do capital financeiro e das grandes multinacionais.