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Lindbergh: “O comportamento da mídia empresarial brasileira afronta a democracia”

Análise dos números levantados pelo Manchetômetro comprovam parcialidade e descompromisso com a informação dos grandes veículos de comunicação
Lindbergh: “O comportamento da mídia empresarial brasileira afronta a democracia”

Foto: Alessandro Dantas/PT no Senado

“A cobertura da grande mídia é tendenciosa e alinhada aos interesses das forças políticas conservadoras, do mercado financeiro e à agenda ultra neoliberal hoje representada por PMDB e PSDB”. E isso não é uma opinião. É a conclusão do jornal online The Intercept_Brasil após analisar os números do Manchetômetro, ferramenta que se dedica a comparar o tempo de TV e rádio e a centimetragem impressa de “notícias” contra e a favor do governo e das principais forças políticas do País.

Um exemplo é a reforma da Previdência, uma das meninas dos olhos do pensamento conservador. “Não há espaço para opiniões contrárias”, constata The Intercept. “90% dos textos sobre o assunto no jornal O Globo foram favoráveis à mudança. Folha e Estadão não ficaram muito atrás: 83% e 87%. No Jornal Nacional, foram 29min54s de cobertura favorável, contra apenas 2min 47s de cobertura crítica – uma reportagem que questionava a exclusão dos militares da reforma”.

Afronta à democracia
“O comportamento da mídia empresarial brasileira afronta a democracia”, resume o senador Lindbergh Farias (PT-RJ), para quem a pesquisa do Manchetômetro corrobora, com farto material e dados precisos, o que há muito vem sendo denunciado pela esquerda e pelo PT. “Não existe o menor compromisso com a informação: é construção de discurso para disputar opinião política o tempo inteiro — e sempre a favor dos interesses do mercado e do rentismo”.

[blockquote align=”none” author=”Senador Lindbergh Farias”]Não existe o menor compromisso com a informação: é construção de discurso para disputar opinião[/blockquote]

Além da manipulação disfarçada de jornalismo—o popular “vender gato por lebre” ao público que acredita estar se informando ao consumir a produção desses veículos—é importante lembrar que as emissoras de rádio e TV são concessões públicas.

Jornalismo de guerra
Lindbergh ressalta que as práticas manipulatórias são ainda mais acirradas em momentos de polarização, como os vividos no Brasil desde 2014. “Fazem jornalismo de guerra. Não existe brecha para a investigação nem espaço para a verdade. O que sobra é o rolo compressor da pós-verdade que atende aos interesses dos patrões. É guerra psicológica pura”.

A parcialidade nem sempre é só alinhamento aos interesses do dono do veículo. Recentemente, a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC), do Ministério Público Federal, pediu esclarecimentos ao governo Temer sobre a denúncia de uso de verba pública para que veículos de comunicação falem bem da reforma da Previdência em seus noticiários, prática conhecida como “jabá” e repudiada nos códigos de ética do jornalismo como análoga ao recebimento de suborno.

O Manchetômetro é uma iniciativa do cientista político e coordenador do Laboratório de Estudos de Mídia e Esfera Pública (LEMEP) João Feres Jr, da UERJ – que faz um monitoramento diário da cobertura dos principais veículos da grande mídia (Folha, Estadão, O Globo e Jornal Nacional) sobre temas como política e economia. Na nova versão do site, os visitantes podem produzir seus próprios gráficos escolhendo temas, veículos, partidos e período desejado.

Acesse o Manchetômetro

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