Lindbergh: “Tenho muita preocupação com os próximos momentos da vida brasileira”O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) questionou, nesta quarta-feira (20), em plenário, de onde surgiu este clima que estamos vivendo nos dias de hoje que culminou na discussão da abertura do processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff e que, até o momento, foi discutido com “tanta irresponsabilidade”.
“Não deixaram a presidenta Dilma respirar um segundo, desde a última eleição, criaram um clima de crise política permanente, estão levando o Brasil ao impasse”, disse. “Nós estamos agora discutindo a admissibilidade, no Senado Federal, e eu tenho muita preocupação com os próximos momentos da vida brasileira”, emendou.
De acordo com Lindbergh, se esse golpe se consumar, o Brasil terá um eventual governo do Michel Temer, sem legitimidade, “um governo fraco, que vai tentar impor um programa antipovo ao País”.
Além disso, o senador demonstrou temor com a repercussão internacional do que aconteceu de domingo, data da votação da abertura do processo de impedimento no plenário da Câmara, até hoje. Lindbergh usou como exemplo o editorial da última terça-feira, do jornal The New York Times.
“Os partidários de Dilma estão furiosos, seus oponentes estão extremamente felizes, e os políticos corruptos do Brasil estão respirando um suspiro de alívio. […] Ao contrário de muitos políticos brasileiros, Dilma não é acusado de aceitar suborno ou dinheiro de negociação de favores”, diz trecho do artigo lido pelo senador.
“A crise provocada pelos escândalos da Operação Lava Jato deveria ter sido parte dolorosa do Brasil – e extraordinária –, um processo de estabelecer o sistema judicial em funcionamento e o combate à corrupção. Mas a queda de Dilma não é a conclusão lógica dessa história feliz. Longe de ser o início de uma nova era, ela pode muito bem vir a ser o caminho para a velha classe política reafirmar o controle sobre o País e escapar da prisão”, diz outro trecho do artigo do jornal norte-americano.
O senador relatou também que outros importantes jornais ao redor do mundo estão denunciando o que está ocorrendo no País, como: El País, The Guardian, Financial Times, The Wall Street Journal, CNN, dentre outros.
O jornalista Bernardo Mello Franco, também foi citado pelo senador, pelo artigo publicado na edição de hoje do jornal O Estado de S. Paulo. “A nova fase da Operação Salva Cunha foi deflagrada no domingo. Enquanto o País assistia ao show do impeachment, aliados negociavam um ponto final às investigações contra o peemedebista. A ideia é premiá-lo com uma ‘anistia’, pelo empenho para derrubar Dilma Rousseff. ‘Todo mundo sabe que sem Eduardo Cunha, não teria impeachment’, disse o Deputado Paulinho da Força”, leu o senador, trecho do artigo de Bernardo.
Ao final do pronunciamento, o senador Lindbergh pediu para que os senadores se atenham durante o processo de discussão acerca do processo de abertura ou não da investigação da presidenta, se houve ou não crime de responsabilidade. “Nós temos que nos ater à denúncia, porque muita gente aqui faz discurso”, concluiu.