Aécio Neves teria sido pressionado a não aprofundar investigações sobre empreiteira. Imagina se fosse com o PT?Imagine a situação: em um escritório de uma empreiteira, são apreendidas anotações que asseguram que um importante parlamentar sofreu pressões para não aprofundar investigações na Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga as supostas irregularidades na Petrobrás. Onde você acha que uma matéria com tal teor deveria figurar num jornal? Errou quem disse na manchete. Errou até quem respondeu no alto da página. Na Folha de S.Paulo desta terça-feira (9), a informação não mereceu mais que um pé de pagina.
Está lá, na página 7 da edição, escondidinha debaixo da foto do ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu que ilustra outra matéria: Empresa pressionou PSDB a não aprofundar CPI, indica anotação. Talvez – só talvez – o fato as quatro letrinhas que indicam o nome do partido de oposição explique a estranha escolha editorial. Talvez, ainda, a solução para o mistério da matéria considerada de pouco interesse jornalístico tenha relação com o nome do tal parlamentar: Aécio Neves.
Pelo que se depreende da matéria, que não tem foto do acusado e cujo título dá a entender que o jornal não “comprou” a informação, o senador e líder da oposição teria sido “pressionado pela Construtora Norberto Odebrecht” para não aprofundar as investigações. E mais: ele teria escalado dois outros tucanos para “fazer circo” na Comissão. Quem são esses dois: o folclórico Mário Couto (PA) e o vetusto Álvaro Dias (PR).
Os motivos pelos quais o jornal paulista considerou que a informação não merecia destaque são obscuros. É possível que considere que anotações recolhidas em escritórios não devem ser consideradas fatos. Exceto quando de trata de crucificar e expor parlamentares oposicionistas. Nesse caso, vale manchete.