Na Itália

Lula coloca o Brasil a serviço da paz e da economia verde

Presidente, em entrevista a jornal italiano, defende um mundo multipolar e diz que o Brasil tem capacidade de ajudar na transição para uma economia menos poluente

Lula

Lula coloca o Brasil a serviço da paz e da economia verde

Lula: "minha angústia é que com tanta gente com fome no mundo, em vez de tratar de como resolver desigualdades, estamos tratando de guerra”. Foto: Ricardo Stuckert

O presidente Lula defendeu um mundo que não esteja nem sob o domínio de uma só nação nem dividido por uma disputa entre apenas dois blocos. O tema foi tratado em entrevista divulgada nesta quarta-feira (21/6) pelo jornal Corriere della Sera, um dos mais importantes da Itália.

“Sonho com um mundo multipolar”, resumiu. “A criação de diferentes redes, de diferentes acordos entre países, pode ajudar a equilibrar e contrabalançar tendências e tensões conflitantes”, completou o presidente, que cumpre uma extensa agenda nesta quarta na Itália e no Vaticano.

Por isso, o presidente diz que a união de países em blocos como os Brics (formado até agora por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), que realizará um novo encontro em 22 de agosto, traz benefícios para o mundo todo.

“A cúpula do Brics é importante para todos. Essa coalizão de economias emergentes demonstrou a importância de agregar diversas vozes à discussão global. Acreditamos que um mundo multipolar é melhor do que uma supremacia unipolar ou uma disputa bipolar”, explicou.

Como exemplo, Lula citou o Conselho de Segurança das Nações Unidas, que, em sua opinião, precisa ser reformado. “Ele ainda representa o equilíbrio de poder do mundo em 1945. Quase 80 anos depois, muita coisa mudou e precisamos de um Conselho maior e mais representativo, com vozes da América Latina e da África, para realmente contribuir com a paz e a segurança.”

Guerra

Ao lado do papa Francisco, Lula se tornou uma das principais vozes em defesa de um esforço internacional para que a guerra entre Rússia e Ucrânia chegue ao fim. O tema deve ser discutido entre o presidente e o líder da Igreja, em um dos vários encontros que Lula agendou para esta quarta-feira.

“Encontro o papa enquanto há um conflito na Europa que afeta a todos. Enviei um enviado especial, Celso Amorim, a Moscou e Kiev. Ambos os países acreditam que podem vencer militarmente: eu discordo. Eu acho que há poucas pessoas falando sobre paz”, lamentou.

“A minha angústia é que, com tanta gente com fome no mundo, com tantas crianças sem comida, em vez de tratar de como resolver desigualdades, estamos tratando de guerra. É urgente que a Rússia e a Ucrânia encontrem um caminho comum para a paz”, acrescentou.

Meio ambiente

Outro tema que os dois certamente devem abordar é a questão climática, sobre a qual Lula também falou ao jornal italiano. O presidente ressaltou que seu governo rompeu com as políticas destrutivas de Jair Bolsonaro e está comprometido com a preservação ambiental.

“Retomamos a luta contra o desmatamento, visando o desmatamento zero até 2030, e também combatemos o garimpo ilegal e outras atividades criminosas que destroem o meio ambiente na região”, lembrou, acrescentando que o governo já expulsamos mais de 20 mil garimpeiros ilegais das terras indígenas Yanomami.

Ele lembrou ainda que a preservação não precisa impedir o desenvolvimento da região amazônica, afinal a população que vive na área precisa de renda, trabalho, proteção social, saúde e educação, justamente para poder proteger a floresta.

“Queremos falar sobre uma nova visão de desenvolvimento sustentável para a região, onde vivem 25 milhões de brasileiros. Investir na investigação científica, nas indústrias limpas, no turismo, para que a floresta valha mais também para quem nela vive”, explicou, lembrando que o Brasil sediará a Cúpula da Amazônia, em agosto, e a COP30, em 2025.

Confira a matéria na íntegra no PT Nacional

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