Ricardo Stuckert
![Lula: “Comida barata na mesa do trabalhador é o que nós estamos perseguindo”](https://ptnosenado.org.br/wp-content/uploads/2025/02/pres-lula-enrevista-rc3a1dios-da-bahia-ricardostuckert-pr-3.jpg)
Otimista, Lula afirmou que "estamos trabalhando com muito afinco" para reduzir os preços dos alimentos
Em entrevista às rádios baianas Metrópole e Sociedade, nesta quinta-feira (6/2), o presidente Lula afirmou que o governo federal se dedica à missão de reduzir os preços dos alimentos aos níveis de 2023. “Comida barata na mesa do trabalhador é o que nós estamos perseguindo”, definiu. O petista argumentou que é preciso aumentar a produção no país, porque o povo trabalhador está consumindo mais, graças ao desemprego baixo e à política de aumento real do salário mínimo.
“Nós estamos trabalhando com muito afinco. Ainda ontem, eu fiz uma reunião com o Alckmin e com o Rui Costa. Na semana que vem, vou ter uma reunião com os produtores de carne nesse país, vou ter com os produtores de arroz, ou seja, vou ter com todos os segmentos para saber como é que a gente faz para fazer com que os preços sejam compatíveis com a necessidade de compra do povo brasileiro”, disse Lula.
“Isso não é programa de governo, é quase que uma profissão de fé. Eu vou atrás disso, porque eu já vivi, no mundo da fábrica, quando eu recebia o salário e a inflação era de 80% ao mês, eu tinha que correr para o atacadista para comprar até coisa que eu não ia precisar, para poder não perder, que o salário não fosse desvalorizado”, acrescentou.
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O presidente ponderou, no entanto, que a inflação está sob controle e cobrou responsabilidade dos empresários na definição dos preços, seja dos alimentos ou de serviços, para que não prejudiquem a população trabalhadora.
“O povo não pode ser extorquido, não pode ser extorquido. As pessoas não podem tirar proveito porque o povo está comprando. A pessoa sabe que a massa salarial cresceu? Então aumenta o preço. A pessoa sabe que o salário mínimo aumentou? Então aumenta o preço. Não, é preciso que se tenha responsabilidade”, defendeu.
Lula ainda atribuiu a alta do dólar à amplificação do discurso extremista de Donald Trump desde a campanha presidencial nos Estados Unidos (EUA). O oligarca republicano acabou vencendo a corrida à Casa Branca. “Ele [o dólar] agora começa a se ajustar. Eu acho que, o dólar se ajustando, […] os produtos vão ficar mais aqui […] E eu estou convencido que a gente vai resolver esse problema logo logo”, indicou.
Isenção do IR para quem ganha R$ 5 mil
A respeito da isenção do Imposto de Renda (IR) para quem recebe até R$ 5 mil mensais, importante promessa de campanha que está sendo deliberada, neste momento, pelo Congresso, o presidente contou que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e a Receita Federal (RF) avaliam uma compensação por parte dos mais ricos para equilibrar a reforma e promover justiça social no país.
“O que nós queremos é o seguinte: todas as pessoas, homem ou mulher, aqui no Brasil, que ganham até R$ 5 mil, não precisam pagar Imposto de Renda, ponto. É só isso, é só isso que nós queremos”, resumiu Lula.
“Porque você sabe que, no Brasil, quando uma empresa distribui dividendos, o cara pode receber R$ 5, R$ 7, R$ 8 bilhões de dividendos e ele não paga Imposto de Renda. As pessoas que recebem bônus, as empresas, no final do ano, não pagam Imposto de Renda. Quem ganha altos salários nesse país não paga Imposto de Renda. Quem paga Imposto de Renda é quem recebe olerite no final do mês”, explicou.
Limpeza étnica em Gaza
O petista lembrou que foi um dos primeiros líderes mundiais a denunciar o genocídio do povo palestino pelo governo do premiê israelense, Benjamin Netanyahu, e criticou o imperialismo estadunidense, revigorado em 2025 pela chegada de Trump ao poder em Washington. O presidente dos EUA quer expulsar os árabes da Faixa de Gaza, tomar o território e transformá-lo na “Riviera do Oriente Médio”, palavras do republicano.
“Os EUA, a vida inteira, passaram a ideia para a humanidade que eram o símbolo da democracia. Passou a ideia de que os EUA eram o xerife do mundo. De repente, elege um presidente da República que faz questão de, todo dia, dizer uma anomalia: um dia, ele vai ocupar o Canal do Panamá; outro dia, ele vai ocupar a Groenlândia; outro dia, ele vai anexar o Canadá; outro dia, ele vai tratar o povo palestino como se o povo palestino não fosse ninguém”, condenou Lula.
“O que precisa fazer na Palestina é criar o Estado palestino e dar decência àquele povo palestino, que não pode ser tratado como se fosse lixo”, prosseguiu, antes pedir mais empatia, humanismo e fraternidade. “Ninguém vai fazer um lugar bonito em cima de milhares de cadáveres de mulheres de crianças.”
Defesa da democracia
Lula também lamentou a ascensão do extremismo pelo mundo e a exposição do regime democrático brasileiro a agressões e achaques pelos radicais de direita. O presidente pregou a necessidade de se defender a democracia contra o fascismo e o autoritarismo: “É na democracia que a gente tem a verdadeira alternância de poder”.
“É por isso que eu sou defensor da democracia, em todos os momentos da minha vida, e vou continuar sendo”, completou.
Além de se posicionar a favor da regulamentação e da responsabilização das big techs, o presidente sinalizou que fará tudo que estiver ao seu alcance para que o fascismo não volte a administrar o Brasil.
“Se depender de mim, o negacionismo não voltará. Se depender de mim, a democracia vai derrotar o negacionismo. E se o cidadão que foi presidente, com as bravatas que ele fala, com as mentiras que ele conta, com as provocações que ele faz, quiser ser candidato, ele sabe que eu o derrotei quando era oposição e ele estava com a máquina na mão. Que gastou, só para você ter uma ideia, deixou um déficit de 2,6% para mim. E o nosso déficit agora foi 0,09%. Então se esse cidadão acha que vai voltar, ele pode tirar o cavalo da chuva”, rechaçou Lula.