O presidente Lula acredita que a CPI da Covid tem desempenhado o papel fundamental de mostrar à população a verdade sobre como Jair Bolsonaro e seus ministros levaram o país ao desastre completo durante a pandemia. “Bolsonaro passou a pandemia inteira receitando remédio para malária e agora tenta jogar a culpa nos governadores, que foram, na verdade, vítimas de um desgoverno. O que o governo fez, fez com atraso, fez com descaso. E foi um contraponto às medidas que os governadores tomaram. E a CPI está mostrando isso”, afirmou nesta quarta-feira (19), em entrevista à Rádio Folha, de Pernambuco.
Lula lembrou que, para não admitir os crimes do governo, dois ex-ministros (Ernesto Araújo e Fábio Wajngarten) mentiram perante a Comissão Parlamentar de Inquérito instalada no Senado. E apontou o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello como um dos maiores responsáveis pela tragédia, que já causou quase 440 mil mortes, pelas quais Bolsonaro “tem responsabilidade direta”.
Essa CPI é o momento de restabelecer a verdade e esclarecer: por que o Brasil teve 439 mil vidas perdidas? O presidente tem responsabilidade direta pela morte dessas pessoas. Pelo descaso do governo.
— Lula (@LulaOficial) May 19, 2021
“Pazuello fez um longo depoimento por escrito, contando todas as ‘glórias’ do seu mandato no Ministério da Saúde, mas a única coisa que ele não disse é que não sabia nada de saúde. E levou todos os amigos dele das Forças Armadas para dentro do ministério e nós estamos colhendo o que estamos colhendo agora”, analisou, comentando o início da sessão com o general, também realizada nesta quarta-feira.
“Não sei qual será o resultado dela, mas a CPI está prestando um serviço enorme à democracia brasileira e à recuperação da verdade. E precisamos disso, porque temos um governo mentiroso, um presidente que é o rei das fake news, com os filhos todos ligados às fake news. A CPI vai colocar as coisas às claras para a opinião pública. Esse é o bem que ela fará ao Brasil”, completou.
“Bolsonaro não conversa, compra”
Para Lula, apesar do desastre que representa ao país e da falta de capacidade de dialogar com os vários setores sociais, Jair Bolsonaro segue governando à base de dinheiro e emendas parlamentares. “O Centrão está com Bolsonaro em função de coisas muito específicas: do dinheiro e das emendas parlamentares que ele tem para distribuir. Agora a imprensa está dizendo que ele deu R$ 3 bilhões (orçamento secreto). R$ 3 bilhões que faltam para a saúde, para a educação, para o combate à pandemia.”
Pela primeira vez na história, o país é governado por um presidente que não conversa com movimentos sociais, lembrou Lula. “Ele só conversa com miliciano. (…) Quando você é presidente da República, você tem de conversar com todo mundo. O Bolsonaro começou com toda a ignorância. ‘Não vou conversar com ninguém’. Ele não conversa, ele compra as pessoas”, afirmou. “Bolsonaro não foi preparado para ser civilizado. Ele foi preparado para ser um miliciano e é isso que faz perfeitamente bem na Presidência da República. Então, em vez de ele ficar pensando em comprar livro didático para a meninada, ele quer comprar armas”, emendou.
O Bolsonaro tá querendo imitar o Trump de novo… Dizendo que se não tiver voto impresso vai ter fraude eleitoral. Fraude eleitoral foi a eleição dele, que me prenderam pra eu não ser candidato, e ainda ganharam na base da fake news.
— Lula (@LulaOficial) May 19, 2021
O “Capitólio” de Bolsonaro
Perguntado sobre as ameaças que Bolsonaro faz constantemente à democracia, Lula destacou que, agora, ao voltar a criticar o sistema eleitoral brasileiro, o atual presidente prepara uma espécie de repetição da invasão ao Capitólio, que se seguiu após a derrota de Donald Trump nas últimas eleições dos Estados Unidos.
“O Bolsonaro está querendo repetir o gesto do Capitólio nos Estados Unidos. Ele está repetindo o mesmo discurso do Trump. Ele está dizendo que, se a eleição não for impressa, vai ter corrupção. A corrupção que aconteceu foi na eleição dele. Ele mentiu o tempo inteiro, criou fake news o tempo inteiro, ele não participou de nenhum debate”, recordou Lula.