O Brasil é visto hoje como vilão ambiental do planeta, situação embaraçosa para quem já foi uma das nações mais respeitadas justamente por atuar como líder em políticas de preservação e conservação ambiental. O papel do governo Jair Bolsonaro na construção dessa imagem negativa do país aos olhos do mundo coloca por terra a liderança do Brasil na defesa do meio ambiente, posição conquistada junto à comunidade internacional nos últimos 30 anos.
É grave que isso aconteça porque Bolsonaro enterra o respeito adquirido pelo Brasil antes mesmo da realização da Rio 92, quando o país sediou pela primeira vez a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento. Os maiores avanços na agenda ambiental ocorreram, contudo, nos governos do PT, encabeçados por Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. Uma vitória diplomática e política que abriu espaço para o país se tornar uma das principais vozes na defesa ambiental perante outras nações.
Foi na ONU que Lula anunciou pela primeira vez, em 2007, que o Brasil estava disposto a sediar uma nova Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, a fim de discutir soluções para os efeitos das mudanças climáticas. “O mundo precisa, urgentemente, de uma nova matriz energética. Os biocombustíveis são vitais para construí-la. Eles reduzem significativamente as emissões de gases de efeito estufa. No Brasil, com a utilização crescente e cada vez mais eficaz do etanol, evitou-se, nesses 30 últimos anos, a emissão de 644 milhões de toneladas de CO2 na atmosfera”, discursou.
O país não ficou apenas nas promessas e nos discursos vazios. O Brasil foi o país que mais reduziu emissões de gases de efeito estufa – mais de 41% – entre 2005 e 2012, justamente entre o segundo governo de Lula e o primeiro de Dilma. Foi a maior redução alcançada por qualquer país até aquele momento. A matriz energética limpa, o uso de biocombustíveis e a queda expressiva do desmatamento puseram o Brasil na liderança da economia de baixo carbono.
Em 2015, Dilma anunciou ao mundo, durante discurso na Assembleia Geral da ONU, que o Brasil contribuiria com 43% para redução das emissões de gases de efeito estufa até 2030. “Neste período, o Brasil pretende o fim do desmatamento ilegal; o reflorestamento de 12 milhões de hectares; a recuperação de 15 milhões de hectares de pastagens degradadas; a integração de 5 milhões de hectares de lavoura-pecuária-florestas”, anunciou. “Em um mundo em que a participação das fontes renováveis de energia é de apenas 13% da matriz energética, pretendemos garantir o percentual de 45% de fontes renováveis na nossa matriz energética”.
Lula e Dilma foram diretamente responsáveis pela construção de politicas ambientais que permitiram interferir na agenda diplomática internacional e estabelecer o entendimento que resultou em avanços significativos para a humanidade, inclusive na criação do Acordo de Paris, em 2015. Foi isso que levou o Brasil a pleitear e conquistar o apoio de outras nações para sediar a Rio+20, a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, realizada em junho de 2012, no Rio de Janeiro.
O país já vinha acumulando êxitos a partir dos governos de José Sarney, Fernando Collor, Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso. E, por isso, o Brasil sediou a Cúpula da Terra, em 1992. Nessa ocasião, pela primeira vez, os países assinaram entendimento para buscar uma relação sustentável entre a humanidade e o planeta. De lá para cá, o risco de mudança do clima se agravou. Mas foi graças ao bom desempenho e respeito adquirido nos fóruns diplomáticos nas últimas três décadas que o Brasil ajudou a construir o Acordo de Paris, o entendimento de 195 nações para a redução de gases de efeito estufa, responsável pelo aquecimento global.
Infelizmente, 2019 coloca o Brasil na posição diametralmente oposta à que exercia até o Golpe de 2016, quando o impeachment fraudulento de Dilma Rousseff abriu espaço para uma agenda econômica sem qualquer compromisso do país com a preservação ambiental. O desmatamento na Amazônia cresceu 13,7% entre 2017 e 2018. Uma área de 7.900 km² foi perdida em dois anos. Entre agosto de 2018 a julho de 2019, 6.800 km² foram desmatados.