Ricardo Stuckert

Lula: "Temos que vencer o protecionismo e fortalecer o comércio global"
O presidente Lula concluiu nesta quinta-feira (27/3) sua visita oficial ao Japão, celebrando os resultados alcançados ao longo dos quatro dias de compromissos para o fortalecimento de parcerias comerciais. Em coletiva de imprensa antes de embarcar para o Vietnã, Lula classificou a viagem como um marco na relação entre os dois países, com a assinatura de dez acordos e quase 80 instrumentos de cooperação.
“Saio do Japão muito satisfeito. Essa foi a visita mais importante que fiz ao Japão, das cinco que já fiz”, afirmou o presidente.
A missão brasileira reuniu ministros, parlamentares, empresários e sindicalistas e trouxe avanços significativos em áreas como transição energética, tecnologia, educação e aviação.
Um dos principais destaques foi o anúncio da venda de 15 jatos da Embraer para a All Nippon Airways (ANA), maior companhia aérea japonesa, em um contrato estimado em R$ 10 bilhões.
Além disso, Lula reforçou a necessidade de ampliar os laços comerciais entre Brasil e Japão.
“Queremos vender e comprar. Queremos que as indústrias brasileiras estejam no Brasil produzindo etanol, biodiesel, hidrogênio verde, carro híbrido com tecnologia avançada para contribuir com a descarbonização do planeta Terra”, ressaltou.
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Japão e Mercosul
Outro tema central da visita foi a possibilidade de um acordo entre Japão e Mercosul. Lula afirmou que pretende acelerar essas negociações assim que assumir a presidência do bloco sul-americano no segundo semestre.
“Se depender de mim, vai acontecer o que aconteceu no acordo com a União Europeia. Vou trabalhar para que a gente possa fazer um acordo com o Japão”, afirmou.
A abertura do mercado japonês para a carne brasileira também foi abordada.
“Temos uma carne de alta qualidade e livre de febre aftosa. O primeiro-ministro japonês garantiu que enviará especialistas para analisar nossos rebanhos. Acredito que ainda este ano teremos uma solução para essa questão”, declarou Lula.
Meio ambiente e energia limpa
O meio ambiente e a transição energética também foram tratados nas discussões. Lula propôs cooperação para recuperar 40 milhões de hectares de terras degradadas no Brasil e convidou empresas japonesas a investirem em energias renováveis.
“O Japão está disposto a adotar 10% de etanol na gasolina e começar a produzir biodiesel. O Brasil é o lugar ideal para essa transição”, afirmou.
O presidente reforçou ainda o compromisso do Brasil com a COP30, que será realizada em Belém. “Queremos uma COP com seriedade, que traga decisões concretas para impedir que o planeta aqueça mais de 1,5°C”, destacou.
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Reformas globais
No campo da geopolítica, Lula defendeu a necessidade de fortalecer o multilateralismo e reformar o Conselho de Segurança da ONU.
“A governança global perdeu representatividade. Hoje, os membros do Conselho tomam decisões unilaterais e têm direito a veto. Isso precisa mudar”, afirmou.
A viagem ao Japão também foi uma oportunidade para reafirmar o compromisso do Brasil com a democracia e o livre-comércio. “Temos que vencer o protecionismo e fortalecer o comércio global. Queremos mudanças na governança mundial para garantir uma representação mais justa no século XXI”, concluiu o presidente.
Agora, a comitiva brasileira segue para o Vietnã, dando continuidade à agenda asiática do governo Lula.