O presidente Lula e a ministra da Saúde, Nísia Trindade, participaram, nessa quinta-feira (4/4), em Goiana (PE), da inauguração da nova Fábrica de Medicamentos Produzidos por Biotecnologia do Complexo Fabril Hemobrás, resultado de um investimento de R$ 1,2 bilhão.
A planta terá capacidade produtiva anual de 1,2 bilhão de unidades do Hemo-8r, medicamento recombinante usado por pacientes com hemofilia A, responsável por 70% a 85% dos casos. O Brasil conquistará autonomia na produção do remédio, e toda a demanda do Sistema Único de Saúde (SUS) será atendida.
Durante o evento, Lula destacou que a inauguração da fábrica integra os investimentos do Complexo Econômico-Industrial da Saúde, lançado no ano passado, e é fundamental para a soberania do país.
“Nosso objetivo ao criar essa estratégia é expandir a produção nacional de índices prioritários para o SUS, além de reduzir a nossa dependência de insumos, medicamentos, vacinas e outros produtos estrangeiros da saúde. E é também investir em uma nova proposta de industrialização do país, voltada às demandas prioritárias da nossa população. A saúde é, sem dúvida, uma das coisas mais urgentes”, disse.
“Se nós brasileiros, que queremos um país soberano, que queremos um país capaz de ter uma indústria da saúde, porque nós temos o órgão consumidor que é o SUS, que pode comprar as máquinas que a gente produzir, que pode comprar os remédios que a gente produzir, que pode comprar as vacinas que a gente produzir, a gente não tem por que não acreditar que a gente pode ter um polo industrial na área da saúde para competir com qualquer outro país do mundo, por mais rico que seja”, acrescentou.
Lula participou do evento ao lado da esposa, Janja Lula da Silva, da governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, do prefeito de Goiana, Eduardo Honório Carneiro, dos senadores Humberto Costa (PT-PE) e Teresa Leitão (PT-PE), do deputado Carlos Veras (PT-PE), de ministros do governo e da presidenta da Hemobrás, Ana Paula Menezes, entre outros.
Nísia Trindade destacou que Hemobrás foi criada durante o primeiro governo Lula e, agora, faz parte do Novo PAC, a maior política de investimentos da história do país.
“É o retorno do presidente Lula ao governo que garante que a Hemobrás, a ciência e tecnologia em Pernambuco, a visão que a ciência e tecnologia para o bem da saúde, do Sistema Único de Saúde tem que estar em todo o Brasil, é essa ideia que voltou como prática”, afirmou a titular da Saúde.
A nova fábrica é a concretização do Projeto Buriti, desenvolvido a partir de uma planta instalada na Suíça e que envolveu especialistas dos Estados Unidos e profissionais de biotecnologia de outros países.
Início da produção
Após a inauguração da fábrica, terão início as etapas de qualificação dos equipamentos e validação de processo para posterior submissão à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
A previsão é de que a nova fábrica, que corresponde ao Bloco B07 do complexo da Hemobrás, esteja em atividade a partir de 2025, com distribuição dos produtos para o SUS.
Cerca de 15 mil brasileiros que convivem com hemofilia no Brasil serão diretamente impactados com o início produtivo do medicamento. Hoje, eles recebem com periodicidade o medicamento profilático Fator VIII de coagulação recombinante, ou Hemo-8r, que é fornecido pela Hemobrás por meio de Parceria de Desenvolvimento Produtivo (PDP).
A produção terá um forte impacto na vida das pessoas com hemofilia, que sofrem com traumatismos, hemorragias e que, agora, vão ter a garantia de uma autonomia dessa produção a partir da Hemobrás.
No caso da hemofilia A, o Hemo-8r é uma alternativa ao medicamento hemoderivado, oriundo do beneficiamento do plasma, extraído das doações de sangue excedentes doadas pelos hemocentros à Hemobrás.
Do ponto de vista econômico, a nova fábrica representa uma autonomia frente a medicamentos essenciais, o domínio de uma tecnologia, a capacidade de expansão até para novas tecnologias, além da redução de custos.
Saiba mais sobre os equipamentos da nova fábrica que serão utilizados na produção do medicamento.
Os principais equipamentos que serão responsáveis pela produção nacional do Hemo-8r já estão sendo alocados em suas respectivas salas. Veja quais são eles:
– Biorreatores de diversas capacidades volumétricas são os equipamentos onde as células capazes de produzir o Fator VIIIr serão cultivadas.
– Equipamentos de Cromatografia (de afinidade e de troca iônica) são os responsáveis por purificar o produto e concentrar o Fator VIIIr a níveis cada vez mais altos, separando-o de outras moléculas e aumentando a sua pureza.
– Equipamentos de Filtração têm como principal função esterilizar os líquidos que o atravessam, garantindo a segurança e a qualidade do medicamento.
– Equipamentos para Envase são responsáveis pela embalagem primária. Quando a fórmula contendo o Fator VIIIr estéril é dispensada dentro do frasco final.
– Liofilizadores são os equipamentos no qual o medicamento líquido passa por um processo suave de remoção de água, transformando-o em pó, o que melhora a sua estabilidade final e o tempo de validade.