O Brasil dá um passo fundamental para impulsionar a produção industrial com sustentabilidade. Nesta segunda-feira (22/1), o governo Lula lançou a política Nova Indústria Brasil, que vai disponibilizar R$ 300 bilhões em linhas de financiamento para o desenvolvimento nacional com sustentabilidade e inovação.
O anúncio foi feito durante reunião do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI), realizada no Palácio do Planalto. O colegiado é comandado pelo vice-presidente e ministro da Indústria e do Comércio, Geraldo Alckmin.
O presidente Lula participou da audiência e destacou a importância de o país voltar a ter uma “política industrial inovadora”. “E que a gente possa superar, de uma vez por todas, esse problema de o Brasil não ser um país definitivamente grande e desenvolvido. Estamos sempre na beira, mas nunca chegamos lá”, aponta o presidente.
A ideia da proposta é estimular o desenvolvimento produtivo e tecnológico, além de ampliar a competitividade da indústria brasileira, nortear o investimento, promover melhores empregos e impulsionar a presença qualificada do país no mercado internacional.
Os parlamentares do PT celebraram a nova política, destacando os benefícios dela para o Brasil a longo prazo.
“Essa nova política industrial do governo Lula vai garantir inovação e sustentabilidade no desenvolvimento econômico do país. O país volta a ter uma visão de futuro ao adotar medidas para combater o processo de desindustrialização que o Brasil vinha sofrendo, além de voltar a estimular a elaboração e exportação de produtos com complexidade tecnológica”, aponta o senador Beto Faro (PT-PA).
O senador Humberto Costa (PT-PE) destaca que a medida vai retomar a força da indústria brasileira. “Vamos] modernizá-la, inseri-la nos novos modelos da economia verde e gerar mais empregos de qualidade no nosso país. O presidente Lula está, uma vez, levando o Estado a ser grande indutor dessa retomada, que já nos rendeu grandes frutos no passado e, certamente, nos dará muitos outros num futuro próximo, depois de anos de abandono pelos governos de Temer e Bolsonaro”, aponta.
A senadora Augusta Brito (PT-CE) destacou o montante destinado à proposta e o compromisso da gestão Lula para o desenvolvimento nacional: “Serão R$ 300 bilhões para financiamentos destinados à nova política industrial até 2026. Essa é mais uma prova do compromisso do nosso governo com o estímulo ao setor produtivo em favor do desenvolvimento do país”.
Uma parte dos recursos para financiamentos – R$ 106 bilhões – já havia sido anunciada pelo CNDI em julho de 2023. A esse valor, somam-se agora outros R$ 194 bilhões, provenientes de fontes de recursos redirecionados para garantir crédito à nova política industrial.
Metas
Apesar dos recursos previstos para os próximos dois anos, a Nova Indústria Brasil define metas até 2033. Para alcançar cada uma, há áreas prioritárias para investimentos e um conjunto de ações propostas e que envolvem esforços de todos os ministérios membros do CNDI e do setor produtivo nacional.
Um dos objetivos é garantir a segurança alimentar e nutricional dos brasileiros a partir do fortalecimento das cadeias agroindustriais, que devem chegar à próxima década, segundo a meta estipulada, com 70% dos estabelecimentos de agricultura familiar mecanizados – atualmente, apenas 18% o são. Além disso, 95% dessas máquinas devem ser produzidas nacionalmente.
Na área da saúde, o intuito é ampliar a participação da produção no país de 42% para 70% das necessidades nacionais em medicamentos, vacinas, equipamentos e dispositivos médicos, entre outros, o que contribuirá para fortalecer o Sistema Único de Saúde e melhorar o acesso da população à saúde.
A nova política também definiu metas para melhoria do bem-estar das pessoas nas cidades, incluindo reduzir em 20% o tempo de deslocamento das pessoas de casa para o trabalho. Também está previsto ampliar em 25 pontos percentuais a participação da produção brasileira na cadeia da indústria do transporte público sustentável.
Para tornar a indústria mais moderna, há a meta de transformar digitalmente 90% do total das empresas industriais brasileiras (hoje são 23,5%) e triplicar a participação da produção nacional nos segmentos de novas tecnologias.
Há ainda metas com foco na bieconomia, descarbonização e transição e segurança energéticas, que visam ampliar em 50% a participação dos biocombustíveis na matriz energética de transportes — atualmente os combustíveis verdes representam 21,4% dessa matriz. Também se espera aumentar o uso da biodiversidade pela indústria e, ainda, reduzir em 30% a emissão de carbono da indústria nacional.
Por fim, na área da defesa, pretende-se alcançar autonomia na produção de 50% das tecnologias críticas de maneira a fortalecer a soberania nacional. Será dada prioridade para ações voltadas ao desenvolvimento de energia nuclear, sistemas de comunicação e sensoriamento, sistemas de propulsão e veículos autônomos e remotamente controlados.