Lula no Parlamento Europeu

Lula: “Não temos outra coisa a fazer a não ser reconquistar a democracia”

“Tive o privilégio de ser presidente em um momento muito importante para a América Latina, vivemos o melhor momento de inclusão e ascensão social, entre 2000 e 2014”, disse Lula, no Parlamento Europeu
Lula: “Não temos outra coisa a fazer a não ser reconquistar a democracia”

Reprodução

O PT tem pela frente a missão de reconquistar a democracia e fortalecer o papel do Brasil na construção de uma América Latina progressista e inclusiva, defendeu o ex-presidente Lula, no Parlamento Europeu, em Bruxelas, nesta segunda-feira (15). Em coletiva de imprensa, Lula falou dos desafios do campo progressista diante do avanço do fascismo no Brasil e no mundo e da cooperação entre Europa e América Latina. “Não temos outra coisa a fazer a não ser reconquistar a democracia”, discursou Lula. O ex-presidente também participa da Conferência de Alto Nível da América Latina, promovida pelo bloco social democrata no Parlamento.

“Tive o privilégio de ser presidente em um momento muito importante para a América Latina. Vivemos o melhor momento de inclusão e ascensão social de 2000 a 2014 na nossa querida América Latina”, apontou Lula.

“Queremos provar que é possível resolver os problemas do povo pobre, quando ele é colocado no Orçamento”, destacou. “Todo dinheiro gasto com saúde e educação não pode ser visto como gasto, é investimento. Financiar bolsa para um estudante pobre não é gasto. Todo dinheiro para o capital é investimento, todo o dinheiro para o pobre é gasto, é preciso inverter essa lógica, mesmo porque quem paga o Estado brasileiro são os pobres”, definiu.

“Quem paga imposto de renda  é o pobre. Quem recebe salário é descontado na fonte, no dia do pagamento. Rico não paga imposto no Brasil”.

Solidariedade

Lula agradeceu a solidariedade do Parlamento Europeu e das forças progressistas da Europa durante o impeachment de Dilma Rousseff e o processo de perseguição que resultou na sua prisão, em 2018.

“Agradeço a oportunidade de falar no Parlamento Europeu e poder, diante da imprensa internacional, agradecer forças progressistas europeias tão solidárias ao Brasil desde o golpe contra a presidenta Dilma até minha prisão. Estou livre. E o juiz que me condenou está sob suspeição”, enfatizou.

Destruição do Brasil por Bolsonaro

O ex-presidente alertou para o perigo representado pela ascensão do fascismo no mundo, em especial, no Brasil. “Estamos vivendo, e não apenas no Brasil, uma situação extremamente delicada”, declarou Lula. “O discurso feito por Trump se espalhou pelo mundo. Bolsonaro é uma cópia mal feita do Trump e hoje representa uma peça importante para os fascistas da extrema direita mundial”.

Ele apontou o fracasso neoliberal do chamado Consenso de Washigton, um modelo de exclusão social hoje adotado pelo governo extremista de Bolsonaro. “A extrema direita não pensa no povo trabalhador, no pobre, no emprego, no índio, no negro, na população LGBT, não pensa em nada que não seja a ganância e o processo de desestruturar o Estado brasileiro”, criticou Lula.

“O Brasil não merecia passar pelo que está passando, somos um povo generoso e trabalhador”, observou. “Um país que conheceu no nosso governo, a maior política de inclusão social da história no nosso país”. Agora, insistiu Lula, “o governo já está destruindo a Petrobras, que era a maior empresa brasileira e fomentadora de desenvolvimento e de investimento em pesquisa”.

“Querem tentar vender os banco públicos, o maior banco de investimento da América do Sul, o BNDES , um banco que tem capacidade aportar recursos muito mais do que o Banco Mundial. O fato de o Brasil, em 2008, ter sido o último a entrar na crise e o primeiro a sair, foi por conta do BNDES”, denunciou. 

“O sonho do Bolsonaro é desfazer tudo o que nós criamos. Agora mesmo anunciou o fim do Bolsa Família, o maior programa de inclusão social e reconhecido por todos os países. Criou o Auxílio Brasil para disputar as eleições de 2022”, concluiu.

Cuba

Em resposta a uma pergunta sobre as manifestações em Cuba, Lula destacou a urgência do fim do bloqueio econômico a Cuba. “Não é justo um bloqueio durar 60 anos, não é normal. Os EUA perderam a revolução para os cubanos e precisam permitir que os cubanos decidam seu próprio destino. É uma eterna guerra fria”, lamentou.

“Não me incomodo com protesto, acho que é um direito das pessoas protestarem, de dizerem o que pensam. Ao invés de a gente achar ruim, temos de saber porque estão protestando”, defendeu.

Grupo social democrata estreita cooperação com o PT

A presidenta do grupo social democrata no Parlamento Europeu, Iratxe García Pérez destacou, na abertura da coletiva, a assinatura de um documento, pelo Partido dos Trabalhadores e o grupo dos socialistas democratas, em uma agenda de atividades a serem realizadas no Brasil. “Queremos estreitar a cooperação com a esquerda latino-americana que tem objetivos em comum”, afirmou Pérez, apontando o compromisso mútuo na construção de sociedades “mais igualitárias e justas”.

“Será muito importante perante as eleições no Brasil, que serão cruciais e que terão uma influência para toda a América Latina”, disse. Segundo a presidenta, “precisamos acabar com o governo de Bolsonaro pelo seu autoritarismo, que põe em risco a democracia, pelo seu comportamento criminoso na pandemia, pelo seu negacionismo climático e de exclusão da biodiversidade – sabemos o que acontece na Amazonia – e também por sua misoginia,  pelo ódio e ataque às mulheres”.

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