A ciência voltou! E a prova de que o Brasil deixou para trás um passado de negacionismo e obscurantismo foi dada nesta quarta-feira (12/7), no Palácio do Planalto, quando o presidente Lula entregou a Ordem Nacional do Mérito Científico a uma série de personalidades e anunciou a retomada do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia (CCT).
Em um gesto de reparação histórica, o presidente e a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, condecoraram entidades e pesquisadores, entre os quais a médica sanitarista Adele Benzaken e o infectologista Marcus Vinícius Guimarães de Lacerda, que tiveram a honraria revogada em 2021 pelo então presidente Jair Bolsonaro.
Também foram agraciados outros 21 cientistas que, em solidariedade aos dois colegas, haviam renunciado à indicação do desgoverno passado.
“A ciência brasileira é de excelência. Contamos com pesquisadoras e pesquisadores que são extremamente dedicados e que resistiram à perseguição do governo anterior. O que vimos hoje é o reconhecimento de pessoas e também do valor da ciência”, declarou a senadora Teresa Leitão (PT-PE), vice-líder do PT no Senado.
O mote “a ciência voltou!” esteve presente em todos os discursos, que também lamentaram o abandono da ciência e a perseguição aos pesquisadores durante o governo obscurantista de Bolsonaro.
“O real significado desse evento vai muito além de atos formais. Estamos reunidos aqui, hoje, para dizermos em alto e bom som: chega de obscurantismo! Basta de negacionismo! Chega de jogar cientistas às fogueiras! Não mais aquelas da Idade Média, mas as que a mentira e o discurso do ódio acenderam na internet em grupos radicais na nossa sociedade”, disse Lula.
Lula também citou o físico Ricardo Galvão, demitido da diretoria do Inpe por Bolsonaro, em 2019, após o negacionista contestar dados do instituto que mostravam alta do desmatamento na Amazônia. Nomeado em janeiro deste ano como presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Galvão também foi um dos agraciados por Lula com a Ordem do Mérito Científico.
“Basta de testemunhar pesquisadores como Ricardo Galvão perdendo o seu cargo porque mostrava aquilo que os satélites registravam, e que todos com a mínima honestidade intelectual podiam ver. Nos últimos anos, a Amazônia estava sendo degradada a um ritmo cada vez maior e incontrolável”, afirmou Lula. “O Brasil não merece mais ter suas instituições aviltadas, a ponto de tanta gente série da ciência devolver a Ordem do Mérito Científico. Gente que, felizmente, aceitou receber a condecoração de novo, hoje, e aceitou porque sabe que a ciência voltou definitivamente nesse país”, ressaltou.
Lula ainda lembrou da decisão, tomada em abril pelo governo, de recomposição imediata dos orçamentos das universidades e dos institutos federais, com o aporte de recursos de R$ 2,4 bilhões para o fortalecimento do ensino superior, profissional e tecnológico. “Para além destas e de outras ações, contudo, o que mais importa é que a ciência e a tecnologia voltaram, de fato, a fazer parte da espinha dorsal do Estado.”
Retomada do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia
Desativado nos últimos cinco anos, o Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia (CCT) foi reinstalado por Lula durante a solenidade no Palácio do Planalto. Órgão de assessoramento do presidente da República, o colegiado é o principal fórum de debate com a comunidade científica, a sociedade e o setor produtivo sobre a Política Nacional de Ciência e Tecnologia. A última reunião ocorreu em 1º de agosto de 2018. Ainda durante o evento, Lula assinou decreto de convocação da 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, prevista para junho de 2024.
A ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, comemorou a reinstalação do CCT. “Estamos reunidos para marcar, aqui, a reinstalação do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia, o que se reveste de muito simbolismos, porque, afinal, são cinco anos sem esse conselho funcionar. É, nada mais, nada menos, o principal fórum de debates com a comunidade científica, a sociedade e o setor produtivo”, pontuou a ministra.
Luciana também afirmou que o governo, ao condecorar os cientistas, “faz jus à verdade e homenageia todas as pessoas que ofereceram relevantes contribuições à ciência sem distinção ideológica, sem vetos”. “É um ato de desagravo à ciência e de reparação histórica aos cientistas, professores e professoras, médicos, pesquisadores e pesquisadoras, brasileiros e brasileiras que foram injustamente perseguidos e ameaçados por um governo anticiência e antivida”, enfatizou a ministra.
Com informações da Agência PT de Notícias