Senadores e deputados de diversos partidos políticos se reuniram com o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva e a equipe do gabinete de transição do governo federal nesta quinta-feira (10), em Brasília (DF). Durante o encontro, Lula garantiu que a “civilidade está de volta” ao Brasil.
“Visitei as instituições para mostrar que, a partir de agora, vai haver respeito. Este país vai voltar à civilidade. Por isso, fui visitar o Arthur Lira (PP-LA), ontem. Muita gente achava que eu não iria conversar com o Lira. Eu sei o que ele pensa diferente de mim, ideologicamente. Mas ele é o presidente eleito na Câmara dos Deputados. Da mesma forma, fui conversar com o Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidente do Congresso Nacional e do Senado. Fui lá para provar que precisamos estabelecer diálogo entre partidos políticos. Não vou conversar com Centrão. Vou conversar com parlamentares eleitos”, disse Lula.
Bastante emocionado, ele acrescentou que retorna para um terceiro mandato por uma única razão: tentar restabelecer a dignidade do povo. “É a prioridade zero. O mesmo discurso que eu fiz em janeiro de 2003. Não temos que mudar uma única palavra. Se quando eu terminar este mandato, cada brasileiro tiver café, almoço e janta, outra vez, eu terei cumprido a missão da minha vida”.
Lula ainda reiterou que o seu governo será pautado pelo diálogo, conversando com todas as lideranças políticas independente do partido que foi eleito. E ainda se comprometeu em restabelecer as relações internacionais com o máximo de atores globais possível, antes mesmo de iniciar o seu terceiro mandato. Na próxima semana, ele participará da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP27), em Sharm el-Sheik, no Egito.
“Vou conversar com mais lideranças políticas lá do que Bolsonaro em seus quatro anos de governo”, garantiu Lula.
Durante o encontro, o presidente eleito também fez duras críticas à tentativa de Jair Bolsonaro de tumultuar o processo eleitoral. Citou exemplos do uso indiscriminado da máquina pública para promover medidas eleitoreiras poucas semanas antes do pleito. E condenou a tentativa de chantagem de trabalhadores e trabalhadoras por parte de empresários aliados ao candidato derrotado, que queria obrigá-los a filmar o voto nas urnas.
Lula sugeriu a Bolsonaro um pedido de desculpas às Forças Armadas (FFAA) pela “humilhação pública” de envolve-los na fiscalização das eleições deste ano.
“O presidente não tinha o direito de colocar as Forças Armadas para fiscalizar as eleições. Ele deveria pedir desculpas às FFAA e à sociedade brasileira. Um presidente da República pode errar, mas não pode mentir. Não é aceitável que um presidente da República minta para o seu povo. Um presidente não pode colocar em dúvida a urna eletrônica. Fez isso porque tinha certeza que perderia as eleições”, afirmou.
Encontro
A reunião foi promovida pela equipe do gabinete de transição do governo federal com deputados(as) e senadores(as). Além de Lula, participaram o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin, coordenador da transição, e a futura primeira ministra Rosângela Silva, a Janja, que atualmente atua na organização da posse presidencial.
Na reunião, Alckmin destacou que a transição é um período para diálogo e, principalmente, ouvir bastante as sugestões recebidas. “Quem ouve mais, erra menos. Interagir com a boa política e a sociedade civil organizada”, destacou.
“Esta é uma transição contributiva. O programa [de governo] já foi delineado durante a campanha. O que se precisa fazer é cumpri-lo”, finalizou.