Lula sobre o emprego: “eu sinto orgulho”

Lula estimulou os sindicatos a conversar mais e trabalhar a imensa rede de rádios, sites,
blogs e TVs

 

O ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva disse, nesta quarta-feira (27), ter orgulho dos baixos índices de desemprego registrados hoje no Brasil. “Apesar dos pessimistas e dos que torcem para não dar certo, a economia, o emprego e a massa salarial vão continuar crescendo no País”, antecipou Lula, a abertura da reunião em comemoração aos 30 anos da Central Única dos Trabalhadores (CUT), em São Paulo. 

“Eu fui dirigente sindical quando o Brasil tinha 12% de desemprego e eu ficava feliz (com o índice). Hoje, quando a gente pega as estatísticas e vê que, no Brasil, a gente tem 4,5% de desemprego e que os europeus olham para a gente com inveja, eu sinto orgulho”, afirmou. Dados recentes mostram que as taxas de desemprego apuradas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nunca estiveram tão baixos. Na comparação entre o mês de janeiro deste ano e o do ano passado, a taxa é a menor desde o início da série histórica. Antes, em dezembro, o mesmo instituto havia divulgado que o índice de desemprego era o menor desde 2002: 4,6%.

Lula defendeu ainda que o movimento sindical e os setores progressistas da sociedade invistam mais na organização de seus próprios meios de comunicação, em vez de esperar imparcialidade da mídia tradicional em relação aos governos e às reivindicações de esquerda. Para ele, é preciso parar de reclamar por não ter saído no jornal ou ganhado destaque na imprensa. “Quero parar de reclamar que os que não gostam de mim não dão espaço. Por que a gente não organiza o nosso espaço? Por que a gente não começa organizar a nossa mídia? Nós sabemos o time que temos, o time dos adversários e o que eles querem fazer conosco. Vocês têm de analisar qual é o espaço de imprensa que o movimento sindical tem.”

Lula falou de improviso, durante cerca de 40 minutos, para uma plateia de dirigentes e sindicalistas e elogiou o movimento sindical brasileiro e a CUT. Também falou de sua carreira sindical e disse que hoje não dá mais pra imaginar o Brasil sem a CUT. Segundo ele, não há no mundo movimento sindical como o brasileiro. “A maior conquista da CUT não foi a luta por salário ou uma hora a mais, uma hora a menos [de trabalho semanal]. Foi o alto grau de conscientização política do trabalhador.

Em seu resgate histórico das lutas dos trabalhadores, Lula lembrou que muitas vezes “tínhamos que falar grosso até demais para subir um degrau muito pequeno”, mas que hoje a situação é completamente diferente. O ex-presidente citou o exemplo dos Estados Unidos, onde recentemente ele visitou a central dos trabalhadores na indústria automotiva e aeroespacial, a CAW. “Nos Estados Unidos, a Nissan, que é dirigida por um brasileiro, não permite que seus trabalhadores se sindicalizem, esta é a luta deles. Não é El Salvador, não é Nicarágua, não é a Namíbia, é nos EUA onde muitos trabalhadores em muitos locais são proibidos de se sindicalizar”.

lulanacut

“A maior conquista da CUT Foi o alto grau
de conscientização política do trabalhador”

Lula também falou sobre seu papel no governo e a relação com os sindicalistas. Lembrou que recebeu os sindicatos que pediam a regulamentação da jornada de 40 horas semanais e ele defendeu que o movimento não deveria esperar por uma solução do governo. “Eu disse: se eu fosse vocês, não esperaria por medida provisória, eu sairia pelo Brasil para politizar esse debate nas portas de fábricas. No final, os ganhos são muito maiores do que ficar dependendo de uma medida do governo”. E terminou parabenizando a CUT por seus 30 anos e com um elogio. “Antigamente eu achava que o movimento sindical italiano poderia ser mais organizado que o nosso. Hoje eu não acho mais”.

O ex-presidente também elogiou a presidente Dilma Rousseff. “Há a compreensão da presidente de que a luta do trabalhador é infinita. Não faltará disposição do Governo para atender, se não todas, a maioria das reivindicações dos trabalhadores”, avaliou. Ele apoiou a marcha dos trabalhadores, marcada para o próximo dia 6 . “Todas as reivindicações são justas. Agora, só precisa saber se o Governo tem condições de atender”, comentou.

Segundo o ex-presidente, a relação entre a CUT e o Governo precisa ser a mais plural e mais autônoma possível. Lula ainda brincou com o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, negociador do governo com os sindicatos.

Imprensa

Como já havia feito em discursos em sua recente viagem pelo Caribe e Estados Unidos, Lula falou do papel da imprensa dos movimentos sociais. “Eles [a grande imprensa] não gostam de mim, não vão me dar espaço mesmo”. E ele estimulou que os sindicatos conversem mais e trabalhem a imensa rede de rádios, sites, blogs e TVs, como a TVT, que transmitiu o evento ao vivo.

Lula, que está lendo a biografia do ex-presidente norte-americano Abraham Lincoln se disse chocado com o comportamento da mídia da época: “Eu fiquei impressionado como a imprensa batia no Lincoln em 1860, igualzinho batem em mim. Ele lembrou que os adversários e “os formadores de opinião pública” foram os últimos a aderir, na década de 80, ao movimento pelas eleições diretas para presidente e, na década seguinte, à campanha pelo impeachment do então presidente Fernando Collor, hoje senador. “É preciso reconhecer que o País mudou muito, inclusive na questão da comunicação. Nos anos 80, qualquer imbecil se achava formador de opinião pública”, disse. “Nesse País, formadores de opinião pública eram contra a campanha das diretas, contra a derrubada do Collor”, criticou.

Com informações do Instituto Lula e das Agências de Notícias

Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula

Leia mais:

IBGE: taxa de desemprego no Brasil é a menor desde 2002

Desemprego em janeiro é o menor em onze anos

CUT anuncia que Dilma vai receber trabalhadores da Marcha a Brasília


To top