O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um apelo ao povo para que não perca a fé e a esperança mesmo nesses tempos duros em que a morte ronda a Nação e o desemprego atinge mais de 14,5 milhões de trabalhadores. “Minha indignação diante de tanta injustiça é muito grande. Mas ainda maior que a indignação é a minha confiança no povo brasileiro. Ele é maior do que essa gente que está destruindo nosso país. O Brasil vai dar a volta por cima. Não podemos perder a esperança”, disse Lula, durante o ato do “1º de Maio Pela Vida, Democracia, Emprego, Vacina para todos e pelo Auxílio Emergencial de R$ 600”, convocado pelas centrais sindicais neste sábado, 1º de Maio.
“A primeira coisa que nossos inimigos tentam matar em nós é a esperança. E um povo sem esperança está condenado a aceitar migalhas, a ser tratado como gado a caminho do matadouro, como se não houvesse outro jeito”, advertiu o ex-presidente. “Nós já provamos que existe outro jeito de governar. Que é possível garantir a cada trabalhador e a cada trabalhadora o salário digno, a segurança da carteira assinada, o 13º, as férias remuneradas para descansar ou viajar com a família”, lembrou Lula.
A ex-presidenta Dilma Rousseff foi na mesma linha: “É justamente quando a situação é mais difícil que devemos ter esperança, resistir e lutar”, disse, em seu pronunciamento. “O povo vai lembrar que no governo do ex-presidente Lula e no meu governo nós criamos 19,4 milhões de empregos formais, chegamos ao menor desemprego da história – 4,8 % em 2014 –, a renda média do trabalho subiu 18% em termos reais e o salário mínimo teve aumento real de 77,2%”, disse Dilma.
“É preciso acreditar que o Brasil pode voltar a ser um país de todos. Com geração de empregos, salários dignos e direitos reconquistados. Com saúde e educação públicas de qualidade. Um país de livros em vez de armas, de respeito ao meio ambiente e às minorias, do amor em vez do ódio”, declarou. “Nós já construímos uma vez esse Brasil. E juntos vamos construir de novo”, concluiu o ex-presidente antes de arrematar: “Trabalhadores: lutar sempre, desistir jamais”.
Lula denunciou que o Brasil tem hoje mais de 14 milhões de desempregados e que 6 milhões de brasileiros desistiram de procurar trabalho porque sabem que não vão encontrar. “Trinta e oito milhões estão subempregados, sobrevivendo de bicos”, alertou o ex-presidente. “São, ao todo, 58 milhões de trabalhadores sobrevivendo em condições precárias”. E lembrou: por conta da Lava Jato, o Brasil perdeu R$ 172 bilhões em investimentos. E deixou de recolher em impostos R$ 50 bilhões.
Além de Lula e Dilma, participaram do ato virtual do 1º de Maio, convocado de forma unitária pelas centrais sindicais CUT, Força Sindical, UGT, CTB, NCST, CSB, Intersindical, Pública e CGTB, o cantor Chico Buarque, além de dezenas de líderes políticos, intelectuais e artistas. O ato de celebração do Dia Internacional do Trabalhador e da Trabalhadora foi transmitido no sábado pela Rede TVT – a TV do Trabalhador – e pelas redes sociais e Youtube das centrais, sindicatos e partidos políticos, inclusive as do PT no Senado.
Este é o terceiro 1º de Maio unitário realizado pelas centrais sindicais e o segundo consecutivo em formato virtual, em respeito ao isolamento exigido pela pandemia do novo coronavírus. Não é momento de aglomerações, mas sim de preservar vidas. O Brasil já ultrapassa as 400 mil mortes por Covid-19, mas vacinou menos de 31 milhões de brasileiros e brasileiras até agora. Isso é menos de 15% da população.
“É muito importante que o movimento sindical brasileiro dê exemplo, mostre para o Brasil e para o mundo que, principalmente diante da tragédia da pandemia e de um governo federal autoritário e genocida, nós superamos problemas, deixamos de lado as nossas diferenças para defender a vida, a democracia, empregos, vacina, auxílio emergencial de R$ 600”, disse o presidente nacional da CUT, Sérgio Nobre. “Não há tarefa mais importante à classe trabalhadora do que derrotar Bolsonaro, porque temos de fazer o Brasil retomar o caminho da democracia, do crescimento, do emprego de qualidade, dos direitos, das liberdades. Essa é uma pauta comum ao movimento sindical”.
A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, participou, assim como Guilherme Boulos (PSOL), o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), Manuela D’Ávilla (PCdoB), Alessandro Molon (PSB), Iago Campos, presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), e João Paulo Rodrigues, da direção do MST e da Frente Brasil Popular.
Também estiveram presentes parlamentares e líderes de partidos, que são contra o negacionismo e apoiam a luta das centrais pela vacina e auxílio emergencial de R$ 600. Dezenove entidades sindicais internacionais, como FSM, CSI e CSA, e nacionais, como a CNBB, enviaram mensagens.
Artistas também se apresentaram ou mandaram depoimentos: Chico Buarque, Elza Soares, Chico César, Teresa Cristina, Delacruz, Johnny Hooker, Marcelo Jeneci, Odair José, Aíla, Renegado, Bia Ferreira, Doralyce; Osmar Prado, Gregório Duvivier, Spartakus, Lirinha, Tereza Seibilitz, Ellen Oléria e Paulo Betti.