A votação da reforma trabalhista mal terminou no Senado Federal, quando um twitter do presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia, ainda na madrugada, escancarava o golpe da medida provisória “corretiva”. Ao longo dos debates, os governistas justificaram não alterar o projeto oriundo da Câmara com o argumento de que o governo vetaria os pontos questionados e apresentaria uma MP. O estelionato confirmou a denúncia da oposição e a reação de senadores da base, expostos à condição de traídos ou co-autores de uma fraude na votação da reforma trabalhista.
Em entrevista à Folha de S.Paulo, o presidente da Câmara afirmou que “não participamos de nenhum acordo. Queremos reformar o Brasil. Chega de mentiras”. Alinhando-se aos porta-vozes do sistema financeiro, como o ministro Meirelles e o banqueiro Armínio Fraga, Maia disse que “a reforma trabalhista é o primeiro momento de grandes mudanças no nosso país”. Prometendo “engavetar” possível MP enviada pelo governo, Maia definiu a reforma trabalhista como uma “revolução” e qualquer alteração no texto seria um “retrocesso”.
“Já vi vice assumir com golpe, Presidente sentar na cadeira antes da hora, mas usar a caneta sem ter assumido, só Rodrigo Maia. E agora Temer?” disse o senador Jorge Viana (PT-AC) também usando seu twitter. Também para o senador Armando Monteiro (PTB-PE), a manifestação do deputado Maia é “infeliz, reveladora, em grande medida, da imaturidade do Presidente da Câmara”. A declaração de Maia surpreendeu o colega de partido, senador Ronaldo Caiado (DEM-GO), que disse “ser inadmissível que um Presidente da Câmara dos Deputados, venha agora, depois da matéria votada, dizer: ‘Olha, é um retrocesso aquilo que foi acrescido pela Câmara'”.
“Os senhores acreditaram em um acordo como esse… A Senadora Marta Suplicy, a Senadora Simone Tebet e o Senador Ricardo Ferraço foram fiadores, falaram aqui disso, e nós dizíamos da fragilidade de todo esse acordo”, ironizou o senador Lindbergh Farias (PT-RJ). “Eu, sinceramente, acho que esta Casa tem de se levantar. Agora, neste momento, é juntar todo mundo e dizer que é um escândalo”, disse o senador Lindbergh Farias (PT-RJ), líder do PT no Senado”. “Então, quero aqui hoje – vamos exigir – a mesma contundência de todos os Senadores que foram fiadores daquele acordo”.