O Brasil está corrigindo três grandes distorções de sua economia: os juros elevados, o câmbio excessivamente valorizado e a carga tributária muito alta. A afirmação é do ministro da Fazenda, Guido Mantega, que está em Nova York para o seminário “Brasil: Fórum de Infraestrutura 2013: Projetos, Instrumentos de Financiamento e Oportunidades”, aberto nesta terça-feira (26). Ele apresentou o programa do Governo Federal
“Nós jamais relaxaremos no controle da inflação” |
que prevê investimentos em infraestrutura — portos, ferrovias, aeroportos e os negócios na área de óleo e gás e energia elétrica — no valor de US$ 235 bilhões.
“O Brasil tem grande agenda de investimentos para os próximos anos. Não é de agora que o Brasil está preocupado em aumentar os investimentos. Temos identificado no Brasil crescente demanda por infraestrutura”, disse o ministro, que avalia um crescimento da taxa de investimento em relação ao PIB para o próximo período.
A apresentação dos projetos — a primeira realizada pelo governo brasileiro fora do País —reuniu cerca de 350 pessoas. Nesta quarta-feira (27), o ministro deverá se reunir com investidores.
Quadro macroeconômico
Sobre as correções das distorções da economia, Mantega lembrou que, com a queda da taxa Selic para 7,25% ao ano, o Brasil passou a ter juros reais na casa de 1,5% a 1,6%, o nível mais baixo dos últimos tempos. Com juros mais baixos, o câmbio foi para um nível melhor, estabilizando-se “num patamar mais realista, mostrando baixa volatilidade.” O ministro destacou a importância desse quadro, já que a volatilidade cambial não ajuda os negócios. “O câmbio é flutuante, mas é importante que flutue com menor volatilidade.”
As empresas, segundo ele, vão se beneficiar do quadro macroeconômico formado por juros menores, câmbio menos valorizado e carga tributária menor. A política fiscal, de acordo com o ministro, tem sido anticíclica no período de crise, com o objetivo de reduzir impostos. Ele destacou a desoneração da folha de pagamentos, que já atingiu 40 setores da economia.
Sem trégua à inflação
Mantega reafirmou o compromisso do governo brasileiro com o controle da inflação, uma das prioridades no Brasil. “Nós jamais relaxaremos no controle da inflação”, assegurou, destacando a rota de desaceleração dos índices de preços. Como exemplo, ele citou o Índice de Preços ao Consumidor – Semanal (IPC-S), divulgado ontem pela Fundação Getulio Vargas que, “se não me falha a memória, ficou em 0,26%”. Isso não quer dizer, contudo, que “nós vamos relaxar a atenção em relação a ela”, afirmou o ministro, em evento sobre infraestrutura em Nova York.
A declaração do ministro respondeu a uma pergunta da plateia sobre o dilema entre o controle da inflação e os eventuais aumentos de preços pela Petrobras.
Segundo ele, “a Petrobras tem uma política de preços executada há muitos anos, que implica manter o preço médio e não alterá-lo a cada mudança de preços do petróleo e derivados”.
Mantega afirmou que isso “significa que, em alguns momentos, os preços ficam acima do mercado internacional e em outros períodos ficam abaixo”.
Até 2010, os preços de gasolina e diesel estavam acima, depois ficaram abaixo, disse o ministro. “Depende muito da flutuação do petróleo”, ressaltou o ministro, lembrando que o câmbio também tem influência.
A política de preços da Petrobras será mantida, disse Mantega. O ministro participa de “road show” sobre as oportunidades de investimento em infraestrutura no Brasil.
Preços na meta
Em entrevista coletiva após seu discurso, Mantega reforçou o discurso contra a inflação. “Há um monitoramento rigoroso da inflação, há o sistema de metas e o CMN. Tanto é verdade que a inflação não passa dos limites do sistema de metas”, afirmou.
Ele repetiu a avaliação de que a inflação foi, em 2012, elevada pelo choque dos preços das commodities agrícolas por causa de efeitos climáticos, como a forte seca que derrubou a produção de grãos nos Estados Unidos. “Entre os preços mais que subiram estão os dos alimentos”, disse.
Financiamento de projetos
O ministro conclamou os bancos privados a “participarem mais” do financiamento a projetos de infraestrutura. Mantega disse, inclusive, que poderá haver uma união de instituições financeiras por meio de “sindicatos”, mas não entrou em detalhes.
“Daremos todas as facilidades para que isso aconteça”, garantiu o ministro, reafirmando que o governo está criando uma estrutura de financiamento favorável para as concessões. O Brasil, disse Mantega, quer expandir o investimento privado.
O programa de concessões, segundo o ministro, tem caráter anticíclico e ajudará a reduzir o custo Brasil, reforçando o efeito de medidas já tomadas nesse sentido pelo governo, como a redução no preço da energia elétrica.
Com informações do Valor Econômico e agências online
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