O crescimento do país não será frustrado pela falta de crédito. É o que garante o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Ele afirma que os bancos privados podem reduzir as taxas de juros e aumentar o crédito à população. Ele lembrou que os bancos brasileiros figuraram, no ano passado, entre aos mais lucrativos do mundo e, por isso, têm margem para reduzir taxas e aumentar volume de crédito.
O ministro criticou a postura do presidente da Federação Brasileira de Bancos- Febraban, Murilo Portugal, que esteve no ministério na última terça-feira (10/04), para tratar da redução do spread (diferença entre a taxa de juros que o banco paga para captar dinheiro e o que ele cobra de juros dos clientes) . “Em vez de trazer soluções anunciando o aumento de crédito, ele veio aqui para fazer cobrança de novas medidas de desoneração dos bancos”, disse Mantega.
O governo recusou as condições impostas pela Febraban, decisão elogiada, na quarta-feira (11/04), pelo senador Jorge Viana (PT-AC). Em discurso ao Plenário, ele destacou o bom momento da economia brasileira, com a inflação e as taxas oficiais de juros em queda e as medidas do governo para desonerar a economia. “Ainda assim, os juros dos bancos privados continuam aumentando, numa equação sem pé nem cabeça, na contramão da economia”.
Em 2011, o setor bancário liderou lucro no País – os bancos tiveram ganhos de R$ 49 bilhões no ano passado, alta de 14,4%. Em conversa com jornalistas na última quinta-feira (12/04), o ministro Mantega afirmou que “é bom” que os bancos tenham lucros, “só que a partir de atividade econômica de empréstimo e sem afligir o consumidor”.
Para o ministro, “os bancos privados não estão liberando crédito e estão cobrando spreads muito elevados”. Ele considera que o spread praticado hoje no Brasil não se justifica. As instituições privadas estão captando à taxa máxima de 9,75% e emprestando com até 80% de juros. “Existem condições para que os bancos brasileiros deixem de ser os campeões de spread no mundo, enfatizou”.
Questionado se o governo não vai aceitar nenhuma das mais de 20 propostas apresentadas pela Febraban como contrapartida para a redução dos juros, Guido Mantega disse que o governo trabalha permanentemente para melhorar as condições para aumentar a segurança do crédito. “Independente disso, os bancos toda hora querem cobrar mais segurança, mais medidas, querem jogar a conta nas costas do governo”, protestou. Segundo o ministro, se essas instituições não estivessem entre as mais lucrativas, realmente seria preciso reduzir tributos, tirar a cunha fiscal e mexer no compulsório. “Mas eles têm margem para aumentar o crédito neste momento e é necessário que isso seja feito sem mexer em nada”.
Mantega sinalizou que o Ministério da Fazenda pretende manter a política de estímulo para que as intuições financeiras privadas reduzam o spread e que o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal vão repetir as medidas anticrise que adotaram em 2009 e aumentar as margens de lucro. O BB (na semana passada) e pela Caixa Econômica Federal (na segunda-feira, 9) reduziram em até um terço as taxas de juros cobradas dos clientes nas operações de crédito. “Eles [bancos públicos] têm níveis de inadimplência até menores que os bancos privados e farão aquilo que fizeram em 2009: aumentar o crédito, baixar as taxas de juros, e aumentar as margens de lucro”.
Ao fazer uma reflexão sobre a solidez da economia no País, Mantega destacou a “ótima” situação fiscal, a baixa inflação (em torno de 4,5%) e a vontade de consumir dos brasileiros, que contam com melhores salários. Mantega reforçou ainda que a segurança jurídica do Brasil avançou com a Lei de Liquidações Judiciais; a Lei de Falências, que garante a devolução do recurso; a alienação fiduciária, que garante a retomada dos bens e a aprovação do Cadastro Positivo. Esta última, de acordo com o ministro, era uma das condições apresentadas pelos bancos privados para liberar crédito com juros reduzidos.
Fonte: Ministério da Fazenda