Mantega: ruas não falaram em descontrole da economia

Mantega garantiu que as contas públicas estão sob controle e destacou redução da relação dívida x PIB do Brasil nos últimos anos.

Mantega: ruas não falaram em descontrole da economia

Ministro destacou redução da relação
dívida x PIB do Brasil nos últimos anos

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, enxerga as manifestações As manifestações que tomaram as ruas do País sob uma ótica muito brasileira. Para ele, os protestos não têm qualquer semelhança com os protestos que ocorrem em países europeus. “Aqui, eu não vi ninguém nas ruas falando em descontrole da economia, pedindo melhores salários ou reivindicando empregos”, disse. “As reivindicações são diferentes da Grécia e da Espanha, que reivindicam salários, pois perderam emprego e estão passando fome”. No Brasil, segundo ele, as reivindicações são “específicas”.

Eu audiência pública na Câmara dos Deputados que aconteceu na manhã desta quarta-feira (26) o ministro falou de manifestações, inflação, classificação de rating do Brasil, mobilidade urbana e déficit zero, entre outros assuntos.

Segundo ele, se não nas outras cidades, em Brasília as manifestações são um “fenômeno normal”. “Eles (os manifestantes) têm feito demandas de melhorias para governos estaduais e municipais. É uma pauta extensa que se refere a várias esferas de governo, controladas por partidos diferentes. Não há uma questão partidária específica”, declarou.

De acordo com o ministro da Fazenda, é normal que os segmentos da sociedade tenham anseios por melhorias nas condições de vida. “A classe média aumentou nos últimos anos, e tem condições melhores. São 40 milhões de pessoas que ascenderam (à classe média). São anseios normais que melhorem a saúde, a segurança e a educação”, declarou.

Política fiscal
Mantega afirmou que as contas públicas do País estão sob controle e que as metas fiscais estabelecidas para este ano serão cumpridas. Ele enfatizou que a solidez fiscal do País se confirma com o resultado primário positivo. “As principais contas do Governo estão sob controle, o que não quer dizer que nós não tenhamos que fazer ajustes permanentemente. Neste ano, vamos fazer redução de despesas de custeio para garantir que atingiremos a meta fiscal do setor público estabelecida para o ano, que é de 2,3% do PIB de superávit primário”.

O ministro informou dados que refletem o compromisso oficial com a manutenção do superávit primário, algo que já se mantém há vários anos. Ele informou, por exemplo, que a relação entre a dívida pública do país e o Produto Interno Bruto (PIB) está caindo. Destacou, ainda, que há dez anos essa relação estava em 60%, passando para 43% em 2008 e, em abril deste ano, chegou a 35%. “Temos um dos melhores superávits primários do mundo e isso pode ser confirmado pela redução da dívida líquida em relação ao PIB”, afirmou o ministro.“Não fosse a crise de 2008, estaríamos caminhando para um déficit nominal zero”, ressaltou.

Inflação
Sobre as críticas de que o Governo teria perdido o controle da inflação,Guido Mantega foi categórico: “Todo ano tem correção(de preços). Eu queria que não houvesse nenhuma correção, mas me parece que está dentro do normal”, disse o ministro da Fazenda. Segundo ele, “controlar inflação é prioridade número um” para permitir um crescimento maior da economia.

 

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O ministro disse ainda que o IPCA está dentro das metas estabelecidas previamente pelo governo federal (dentro da banda estabelecida de 2,5% a 6,5%, com meta central de 4,5%). “Nos últimos quatro, cinco ou seis anos, a inflação está mais sob controle, o que não quer dizer que não haja pressões inflacionárias”, disse.

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Na avaliação de Mantega, a seca nos Estados Unidos elevou preços das “commodities” (produtos básicos com cotação internacional, como alimentos) e o regime de chuvas elevou os preços dos hortifrutigranjeiros no Brasil nos últimos meses.

“Houve surto inflacionário no fim do ano passado e início deste ano. Os alimentos contribuíram para essa pressão inflacionária, mas todos caíram. A inflação de alimentos está debelada. Está caindo. A dona de casa  pode verificar nos supermercados. Fizemos desoneração da cesta básica”, afirmou Mantega.

Déficit nominal
Guido Mantega, também disse que o chamado “déficit nominal” (receitas menos despesas, incluindo a conta de juros) zero é possível de ser atingido nos “próximos anos”.

Segundo ele, o Brasil estava caminhando para este resultado nominal zero, que vem sendo defendido pelo ex-ministro Delfim Neto, mas foi interrompido pela eclosão da crise financeira internacional em setembro de 2008. De acordo com dados do BC, o déficit nominal, que terminou 2008 em 2% do PIB, avançou para 3,2% do PIB em 2009, passando para 2,48% do PIB em 2010, para 2,61% em 2011 e fechou o ano passado em 2,47%. Em doze meses até abril de 2013, porém, avançou para 2,93% do PIB.

“As principais contas do governo estão sob controle. Podemos ver as despesas com o déficit da previdência caindo ao longo do tempo. Despesa com pessoal está estável em torno de 4,2% a 4,3% do PIB e as despesas com juros da dívida vem caindo. As três maiores despesas, de cerca de R$ 740 bilhões por ano, estão sob controle”, declarou Mantega durante audiência pública na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados.  

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O ministro da Fazenda, entretanto, tem sido criticado por economistas por realizar um corte menor no orçamento deste ano, em relação a 2011 e 2012, possibilitando um aumento de gastos públicos pode estimular o aumento dos preços – em um momento em que o BC vem subindo os juros básicos justamente para conter as pressões inflacionárias.

Emprego
O ministro da Fazenda também disse, durante audiência pública na Câmara dos Deputados, que o país vive em situação quase de “pleno emprego”. “Não ouvimos mais falar de desemprego. O emprego continua crescendo, mesmo que a uma taxa menor. Temos hoje um dos menores níveis de desemprego de toda série histórica”, afirmou ele.

Embora os números do IBGE sobre o desemprego ainda mostrem resultados perto da mínima histórica, os resultados da criação de empregos formais, captados pelo Ministério do Trabalho, revelam que a abertura de vagas com carteira assinada teve em maio o pior resultado para o mês nos últimos 21 anos. Na parcial deste ano, até maio, a queda foi de 23,7%. 

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“O Brasil escolheu a estratégia de acelerar o crescimento porque o crescimento era medíocre. Fizemos a política de inclusão e evitamos que o Brasil permanecesse fragilizado”, disse ,ressaltando que foram gerados 20 milhões de empregos após o PT assumir o governo federal. Segundo ele, no governo anterior foram gerados de 3 milhões a 4 milhões de empregos. “Demos cidadania para a população brasileira. O poder aquisitivo da população cresceu. Hoje, compatibilizamos investimentos com o consumo e, com isso, conseguimos fortalecer a economia, com austeridade fiscal e controle da inflação”, disse.

Com informações das agências de notícias

Veja a íntegra da apresentação de Guido Mantega

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