Secretários e secretárias da Câmara Temática da Assistência Social do Consórcio Nordeste manifestaram em nota a sua preocupação com o quadro de exclusão de famílias na região que eram beneficiárias do Bolsa Família e do Auxílio Emergencial antes da instituição do Programa Auxílio Brasil.
De acordo com dados do VISDATA divulgados no documento, um total de 5.627.523 beneficiários do Auxílio Emergencial no Nordeste foram excluídos do novo programa instituído pelo governo Bolsonaro, enquanto que mais de 57 mil famílias da região Nordeste beneficiárias do antigo Bolsa Família também foram excluídas. Mapa da exclusão de Bolsonaro atinge 5,6 milhões no Nordeste
“A meta de expansão anunciada pelo governo federal, e não confirmada, contemplaria apenas a fila dos que esperam por inclusão no Bolsa Família (pessoas que já tinham direito, de acordo com os critérios do programa). No caso do Nordeste, ultrapassa 800 mil famílias. O Auxílio Brasil, além de não atender ao desafio urgente de responder à grave realidade social do país, diante das desigualdades, da fome, da pobreza e da desproteção, intensificada com a pandemia, desconsidera as desigualdades regionais”, afirma um trecho da nota dos titulares das secretarias estaduais.
Em vídeo, o governador do Piauí, Wellington Dias (PT), presidente do Consórcio Nordeste, também manifestou a sua indignação diante do quadro de exclusão levantado pela Câmara Temática da Assistência Social, e anunciou medidas que serão tomadas pelos estados para que se contemple essas famílias no novo programa.
O Nordeste possui as maiores taxas de desocupação e de pobreza extrema entre as cinco regiões do país, chegando a 16,7% em 2020. Cenário que é desconsiderado pelo governo federal.
Segundo os dados do VISDATA, em todas as regiões brasileiras observa-se exclusão de famílias beneficiárias do Bolsa Família: na região Norte foram excluídas 13.181; na região Centro-oeste, 8.320; na região Sudeste, 50.894; e na região Sul, 18.186.
A nota ainda alerta que que o governo brasileiro “avança na contramão de políticas que transfiram renda e promovam a redução das desigualdades”, e pede uma mobilização de agentes públicos e do povo do Nordeste em torno da constatação de que o Auxílio Brasil não reduz o quadro de desigualdades e desproteções, aprofundadas com a pandemia, e que atingem em maior grau a região.
“Nesse contexto de desproteção, é preciso considerar o cenário de maior gravidade social da região Nordeste, com o aumento exponencial da fome e da precarização das condições de trabalho e de vida; a demanda reprimida, inscrita no CadUnico; e o histórico de inserção desigual da população nordestina no Bolsa Família, em relação às demais regiões do país”, destaca o texto.