Marco Maia avalia que contadora também deve ser investigada pela PF

Maia: contadora deve sair da condição de testemunha para investigadaO relator da CPMI da Petrobras, deputado Marco Maia (PT-RS), afirmou nesta terça-feira (08) após o depoimento de Meire Poza, ex-contadora do doleiro Alberto Youssef,  trouxe à tona elementos suficientes para que a própria contadora seja investigada pela Polícia Federal. Para o deputado gaúcho, Meire Poza exerceu papel importante no esquema montado pelo doleiro e pelo ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, para desviar recursos da estatal. O depoimento dela à comissão ocorreu na condição de testemunha. “Ela deve passar de forma rápida da condição de testemunha para a de investigada, porque muita coisa passou por suas mãos. Ela contratava, descontratava, trocava dinheiro, emitia notas frias, falsas, recebia dinheiro, fazia pagamentos e tomava empréstimos”, disse Maia nesta entrevista aos jornalistas que cobriram a sessão da CPMI. Confira na íntegra:

Repórter – Relator, qual sua avaliação a respeito do depoimento de Meire Poza, ex-contadora do doleiro Alberto Youssef?

Marco Maia – Foi um depoimento que ajuda porque contribui com o processo de investigação e porque trouxe algumas novidades como a própria participação dela no esquema do doleiro, que não é apenas a participação de uma contadora. Ela tinha envolvimento direto, emitia notas frias, fazia pagamentos, recebia recursos, tomava dinheiro emprestado, inclusive, para o doleiro Alberto Youssef. O que me chamou atenção foi o envolvimento de um banco chamado Máxima, que dava empréstimos ou favorecia o doleiro e ela própria na concessão de empréstimos até que se comprove fraudulento, porque desprovidos de qualquer garantia. É um depoimento que nós vamos confrontar com as informações que nós já temos das investigações feitas pela Polícia Federal e pelo Poder Judiciário.

 

Repórter – Tem conexão a lavagem de dinheiro entre as empresas do doleiro e a Petrobras?

Marco Maia – Estamos trabalhando em cima disso, porque a conexão de um contrato da Petrobras com os recursos auferidos por empresas do Alberto Youssef e a destinação desses recursos. A GFD (empresa do doleiro) recebia recursos mas eles, de acordo com o depoimento da contadora, não saíam de forma direta para alguém ou pagamento de algum tipo de propina. O dinheiro era reinvestido ou utilizado pela empresa. Mas tem a empresa MO que não é do Youssef e parece que tem vínculos maiores com o pagamento de propina ou desvio ou lavagem de recursos. Nós queremos ouvir o proprietário dessa empresa e as pessoas envolvidas para fazer esta conexão. Outro tema abordado pela contadora, de forma muito superficial, mas que vai ser investigado pela CPMI que é a destinação de recursos para o exterior e o retorno desses recursos ao Brasil.

 

Zileide Silva – TV Globo – E o dinheiro do PT para o pagamento da multa do senhor Enivaldo Quadrado?

Marco Maia – Esta não é uma matéria nova. Já havia saído em outros veículos e há negativa por parte do partido em relação ao pagamento desta quantia. Ela será investigada e o próprio Ministério Público está investigando. Nós teremos oportunidade, inclusive, durante a investigação, de ouvir o Enivaldo Quadrado para que ele possa confirmar o recebimento desse recurso.

 

Zileide Silva – TV Globo – O PT nega…

Marco Maia – O PT já havia negado isso anteriormente quando esta notícia saiu. O PT negou dizendo que não há absolutamente nenhuma relação com este ou qualquer pagamento desta ordem ou desta natureza. Agora eu não falo pelo PT, não respondo pelo partido e acho que vocês devem fazer essa pergunta ao nosso presidente.

 

Repórter – O senhor acredita que ela (Meire Poza) teve muito mais na condição de investigada do que a de testemunha?

Marco Maia – Ela esteve aqui na condição de testemunha, mas acho que a Polícia Federal deveria investigá-la. Ela deve passar de forma muito rápida da condição de testemunha para a de investigada. Ela não era apenas a contadora contratada do Alberto Youssef. Volto a dizer, muita coisa passou pela mão dela, que contratava, descontratava, trocava dinheiro, emitia notas fiscais frias, falsas, recebia dinheiro, fazia pagamentos, tomava empréstimos. Um empréstimo que ela disse ter tomado é da ordem de R$ 4 milhões. É significativo e que foi tomado, na minha avaliação, de forma fraudulenta. Diria que com a mesma rapidez com que ela prestou as informações, ela vai se transformar em réu também e terá de responder de forma clara pela sua participação nesse esquema.

 

Repórter – O senhor está adiantando que vai indiciá-la em seu relatório?

Marco Maia – Ainda não tenho a posição de quem será indiciado ou não. Mas ela é ré confessa. Ela disse que assume as responsabilidades sobre os erros que cometeu. Nossa tarefa é identificar o tamanho do erro que cometeu, porque durante o processo de investigação. Na minha avaliação ela era uma peça-chave dentro do funcionamento do esquema e da quadrilha montada pelo Alberto Youssef.

 

Repórter – O Breno Altman será chamado?  O PPS já apresentou um requerimento.

Marco Maia – Volto a dizer. Nós temos um espaço de tempo curto para produzir a investigação da CPMI. Se nós abrirmos demais a investigação nós não vamos investigar absolutamente nada. Não podemos fazer desta comissão uma CPMI do fim do mundo, que passa a investigar qualquer denúncia, qualquer situação que chegue até a CPMI. Nós queremos nos focar na investigação do esquema fraudulento que havia na Petrobras. Tudo aquilo que envolver a Petrobras, que envolver as empresas que tinham contratos com a Petrobras, tudo aquilo que tem a ver com Pasadena, Renest, plataforma de petróleo nós iremos investigar. Quem quer investigar muito, abrir muito o foco das investigações, na minha avaliação não quer investigar absolutamente nada. Não é minha opinião porque precisamos nos focar, produzir uma boa investigação para ter um relatório que seja consistente. O resto é perfumaria e tentar jogar confete prá cima da CPMI.

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