Aníbal Diniz (centro): “Ao agregar conhecimento, podemos avançar muito“ |
O senador Anibal Diniz (PT-AC), presidente da subcomissão criada para apresentar um marco regulatório para minérios da categoria “terras raras”, no âmbito da Comissão de Ciência, Tecnologia e Inovação (CCT) do Senado, acredita que o estabelecimento de regras poderá atrair novos empreendedores neste segmento que está presente cada vez mais no cotidiano das pessoas. “Nós só temos a ganhar se o Brasil dominar a tecnologia e o conhecimento de exploração e aplicação industrial dos elementos químicos contidos nas terras raras”, afirmou.
Nesta quinta-feira (27), a subcomissão promoveu mais uma audiência pública, desta vez com a presença de Antenor Silva, presidente da MBAC Fertilizantes, que desenvolve um projeto de terras raras em Araxá (MG), de Jorge Luiz Brito Cunha, representante do IBAMA, Tadeu Carneiro, diretor geral da Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM) e de Tetsuichi Takagi, líder do National Institute of Advanced Industrial Science and Tecnology (AIST), órgão ligado ao Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação do governo japonês – ele veio do Japão exclusivamente para participar da audiência.
Como nas reuniões anteriores, o senador Anibal Diniz reconheceu que a cada apresentação traz surpresas sobre as inúmeras possibilidades de aplicação industrial desses elementos químicos – 17 ao todo – considerados terras raras.
Na audiência de hoje, Antenor Silva, da MBAC Fertilizantes, lembrou que a China continua sendo o maior consumidor do mundo de terras raras, tendo a capacidade de industrializar de 120 a 140 mil toneladas por ano, embora o governo local tente neste momento fechar algumas minas exploradas ilegalmente.
O projeto Araxá na primeira etapa prevê a produção de 8 mil toneladas por ano até 2015, quando a partir daí, na segunda etapa, a estimativa é produzir 16 mil toneladas de óxido de lantânio, aplicado, por exemplo, na fabricação de lâmpadas fluorescentes. Acontece que o desafio da empresa é criar no Brasil uma linha de industrialização porque exportar para a China esse produto, segundo Antenor Silva, seria prejudicial, já que há excesso desse produto no mercado chinês. “O desafio é criar uma cadeia de uso no Brasil”, afirmou.
Ele observou que apesar de a China deter as maiores reservas de terras raras do mundo, é o Japão, por sua vez, que detém a tecnologia e conhecimento da transformação. “O mundo aguarda para 2014 a queda da patente da Hitachi, para poder criar novas aplicações”, disse.
O presidente da CBMM, Tadeu Carneiro, cuja empresa também atua em Araxá (MG), há 50 anos o que se havia era apenas informações teóricas sobre o nióbio e os investimentos contínuos nesse período revelou que o caminho era certo. Hoje a CBMM é a maior exportadora de nióbio do mundo. Neste momento, a empresa faz pesquisas para aproveitar elementos químicos classificados como terras raras a partir dos rejeitos, já que no processo de mineração e exploração, os elementos químicos estão associados e podem ser rejeitados. Ao desenvolver uma tecnologia destinada a encontrar terras raras, há um forte ganho ambiental.
A CBMM é uma empresa que tem mais de 1.800 funcionários e investe pesadamente em tecnologia e em projetos socioambientais, como é o caso do programa de habitação, onde a empresa quer que todos os funcionários tenham sua própria residência. Na área de educação, os filhos dos funcionários recebem subsídio para estudar desde o nascimento até a universidade. “Nós estamos investindo nas pessoas que vão levar a empresa adiante. Por isso investir em tecnologia é fundamental”, afirmou.
O líder da AIST, Testsuichi Takagi, o governo japonês continua na vanguarda da pesquisa tecnológica em terras raras e o acidente nuclear em Fukushima, obrigam a busca de novas fontes de energia. Segundo ele, o uso de terras raras na aplicação de produtos, de lâmpadas fluorescentes à turbina de aviões, tende a crescer. No caso da energia, os motores que usam elementos químicos de terras raras são 25% mais econômicos do que os tradicionais e estuda-se neste momento como converter em energia cinética a eficiência desses equipamentos, como forma de substituir a dependência da energia produzida pelas usinas nucleares. Os imãs usados no trem bala poderão logo mais ter uma finalidade de geradores de energia.
“O trabalho realizado pela subcomissão pode resultar em algo que venha gerar alguma atratividade para grupos empresariais e também para a área de ciência e tecnologia do Brasil. Ao agregar conhecimento, podemos avançar muito, pelo potente recurso natural de terras raras que nós temos e que é tão pouco explorado”, disse Anibal Diniz.
Marcello Antunes
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