Marta: mulheres não podem esperar até 2114 para alcançar 30% de participação. Foto: Geraldo Magela/Ag. SenadoEm discurso ao plenário nesta quarta-feira (1º), a senadora Marta Suplicy (PT-SP) afirmou que, segundo estudo elaborado na Câmara dos Deputados, as mulheres só conseguirão 30% de representatividade naquela Casa no ano de 2114 – se o processo eleitoral permanecer o mesmo. “Nós vamos ficar alijadas todo esse tempo?”, questionou.
Para alterar essa perspectiva, a senadora defende a criação de uma cota mínima de 30% de representatividade feminina no Congresso, e não mais apenas manter esse mesmo percentual de participação das mulheres na disputa eleitoral, como determina a atual legislação. Para a senadora, a exigência em vigor não amplia a presença feminina pretendida, pois as candidatas, de fato, não disputam o cargo, servindo apenas para o partido cumprir o número mínimo definido na lei.
Marta acredita que a discussão da reforma política cria a oportunidade esperada para que se discuta e se garanta a representatividade da mulher na política. “Neste momento em que vamos mudar o sistema de eleição no Brasil, abre-se uma chance única para a mulher poder entrar. Entrar como? De novo com cota para legenda? Não nos interessa mais porque nós percebemos que esse é um caminho que não resolve”, afirmou.
A proposta de reserva de vagas para mulheres levada pela senadora ao plenário é a mesma defendida pela Bancada Feminina no Congresso Nacional. Na semana passada, deputadas e senadoras lançaram um manifesto neste sentido na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). O evento contou com a presença dos presidentes da Câmara, Eduardo Cunha (PT-RJ), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que receberam a proposta das parlamentares.
A ideia é que, independente do sistema político que seja adotado nas próximas eleições, se garanta o percentual mínimo de representatividade feminina. “Por exemplo, se fosse o voto de lista, que é defendido pelo PT, então seriam: três homens e uma mulher, dois homens e uma mulher ou um homem e uma mulher. Isso é feito na Argentina, no México, na Venezuela, no Chile – que já têm de 35% a 40% de mulheres no Parlamento. Por quê? Porque fizeram essa cota”, explicou a senadora.
Carlos Mota
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