A senadora Marta Suplicy (PT-SP) está convencida de que existe uma relação direta entre a obesidade infantil e a publicidade de alimentos, veiculada especialmente nos intervalos de programas infantis. Para tentar reduzir o problema, que gera complicações de saúde física e mental em crianças e adolescentes, a senadora defende uma legislação mais severa na regulamentação de publicidade de alimentos para crianças. Em pronunciamento nesta quinta-feira (09/08), a parlamentar afirmou que recente pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) constatou um aumento de 200% no índice de obesidade de crianças entre 5 e 9 anos nos últimos anos.
Para a senadora, uma das causas deste aumento é a influência da mídia, “que influencia na alimentação de forma violenta”. Ela lembrou que o mercado publicitário de alimentos, movimenta R$ 130 bilhões anuais e que as crianças, , influenciam em até 80% as compras das famílias. “O que se passa na cabeça de uma criança quando ela vê um desenho animado e, de repente, o desenho acaba… E estou falando de uma criança de quatro a cinco anos que ainda não tem a capacidade de compreender. O desenho animado acaba e o personagem do desenho animado continua vendendo um produto, só que a cabeça daquela criança não percebe que o desenho animado terminou e que, aquilo, agora, é um comercial tentando fazer com que ela compre qualquer coisa”, disse.
Marta Suplicy admitiu que o Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar), órgão gerido pelas próprias agências de publicidade, “até faz razoavelmente seu trabalho”, mas as pressões de um mercado de R$ 130 bilhões são muito grandes. E argumentou que muitos países democráticos têm legislação “bastante dura” para a publicidade de alimentos dirigidos a crianças, principalmente nos horários em que são exibidos programas infantis. Citou, entre outros, Suécia, Áustria, Austrália, Bélgica, Alemanha e Estados Unidos. “Em alguns outros países, só pode haver propaganda depois das nove horas da noite. Nos Estados Unidos, é proibida a vinculação de personagem infantil à venda de produtos nos intervalos de programas com os mesmos personagens”, disse.
Ao concluir, a senadora defendeu o estabelecimento de “parâmetros e leis muito mais sérias e rígidas do que as que tivemos até hoje no Brasil”.