Marta Suplicy espera que homofobia seja mantida como crime

Durante comemoração dos 50 anos de regulamentação da profissão de psicólogo, senadora alerta para retrocesso no novo Código Penal.

Para celebrar os 50 anos da regulamentação da Psicologia no Brasil, o Senado recebeu no Auditório Petrônio Portella, nesta quinta-feira (23/08), psicólogos dos mais diferentes cantos do País. A senadora Marta Suplicy (PT-SP), que sugeriu a homenagem, aproveitou para pedir que todos acompanhem os debates na Casa sobre o novo Código Penal, para manter conquistas do anteprojeto, como o dispositivo que criminaliza a homofobia.

“Vamos ter que nos posicionar como psicólogos contra posições que, na nossa seara, já foram suficientemente debatidos”, apelou Marta, também psicóloga e histórica militante contra a homofobia.

A senadora, que também coordenou os trabalhos, sublinhou que o Senado conta com parlamentares conservadores que são também atuantes e organizados. Assim, disse temer recuos em relação a questões em que os juristas que elaboraram a anteprojeto “não tiveram medo de se posicionar”.

Marta Suplicy listou também as regras sobre o aborto como um dos pontos que, caso alterados, a seu ver representariam um retrocesso. Pelo texto dos juristas, são incluídas novas hipóteses de aborto legal, como a da existência de laudo médico ou psicológico comprovando até a 12ª semana que a mulher não tem condições de levar a gravidez adiante.

A senadora manifestou ainda receio de ações para reduzir a idade da maioridade penal, atualmente 18 anos, para 16 anos.

Mesa
O presidente do Conselho Federal de Psicologia (CFP), Humberto Verona, integrou a mesa do evento, ao lado de sua antecessora no cargo, Ana Bock, que recebeu homenagens dos colegas, inclusive, uma placa destacando suas contribuições à profissão. Também estavam presentes a presidente da Federação Nacional dos Psicólogos, Fernanda Magano, o ex-ministro-chefe da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Paulo Vanunuchi e o vice-presidente de negócios dos Correios, José Furian Filho. No ato, os Correios homenagearam os psicólogos lançando um selo e um carimbo alusivos às comemorações dos 50 anos da profissão. As peças filatélicas destacam a logomarca e o tema “Muito a comemorar, muito mais a fazer”.

Políticas públicas
Os pronunciamentos destacaram os caminhos percorridos desde a regulamentação da profissão, em 1962, no governo João Goulart. A começar por Marta Suplicy, todos salientaram que a Psicologia, que nasceu como demanda da “elite”, dentro de uma visão “individual”, hoje se destaca pelo compromisso social e a busca de práticas democráticas e cidadãs.

“Não havia no início um discurso que unificasse os psicólogos e agora, depois de cinquenta anos, estamos aqui de outro jeito, porque nos interessamos por nossa gente”, destacou Ana Bock.

Humberto Verona salientou hoje estão integrados aos mecanismos das políticas públicas voltados à população geral. Como destacou, o país conta hoje com quase 220 mil psicólogos (cerca de 90% mulheres), sendo que 29.212 atuam no Sistema Único de Saúde (SUS) e 20.463 estão engajados no Sistema Únicos de Assistência Social (Suas).

Fernanda Magano, porta-voz de reivindicações da classe, falou das expectativas dos psicólogos em relação a duas propostas legislativas que tramitam no Congresso. Um deles é um projeto que fica em seis horas a jornada de trabalho do psicólogo com vínculo com o setor público ou privado, matéria já aprovada pelo Senado e agora em exame na Câmara dos Deputados.

O segundo é o projeto que regulamenta a profissão médica, o chamado Ato Médico, um texto que retornou ao Senado depois de passar pela Câmara. Assim como outras categorias do campo da saúde, os psicólogos ainda receiam que o chamado Ato Médico imponha limitações às suas prerrogativas profissionais.

“É necessário que todos tenham condições de trabalhar em equipes e que a regulamentação da Medicina respeite as demais profissões”, afirmou.

 

Agência Senado

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