A senadora Marta Suplicy (PT-SP) atribui ao descaso do governo tucano o engarrafamento recorde de
“Não é uma coisa repentina que aconteceu, é falta de vontade de investir mesmo, de dar como prioridade”, denunciou a senadora. Em discurso no plenário do Senado, Marta atribuiu ao desconhecimento da realidade do usuário de transporte público o descaso com o sistema. “Eles não viajam no metrô, não têm que andar duas horas e meia para chegar ao trabalho e nem fazem planejamento para as pessoas trabalharem onde moram, trabalharem na Zona Leste, que abriga cinco milhões de pessoas que têm que ir para o centro trabalhar”, protestou.
Marta, que já foi prefeita de São Paulo, relatou que, em 2011, dos R$4,5 bilhões previstos para expansão do metrô, o Governo do Estado de São Paulo executou somente R$1,2 bilhão e que houve redução significativa nos investimentos da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos para compra de novos trens – de 684 milhões, em 2010, para 260 milhões, em 2011. “Ou seja, em um ano, foram cortados 56% do dinheiro que era para trem”, denunciou.
A confusão na capital paulistana, que só terminou no final desta tarde com o anúncio do fim da paralisação, virou o trânsito, especialmente da Zona Leste, numa tensa zona de guerra. Calcula-se que ao menos 5 milhões de paulistanos vivam na região. A maioria depende do transporte coletivo para chegar ao centro da cidade.
Sem metrô, o destino natural foram os coletivos. Que não deram vazão à demanda. “A consequência é que hoje, com o sistema de ônibus sobrecarregado, os veículos também não estão andando, parte da cidade já ficou parada, parte das pessoas não está indo trabalhar”, relatou a senadora.
Ela falou da explosão dos usuários e da truculência da Guarda Civil Metropolitana: “revoltados com a situação, passageiros fecharam a Radial Leste, que é um das principais vias da Zona Leste, entre Itaquera e Arthur Alvim; a Estação da Linha 3 não abriu; os pneus de alguns ônibus foram furados para impedir o tráfego na via; a polícia usa bombas de efeito moral nos manifestantes, e há pessoas ficando detidas; em outro protesto, na frente da Estação Jabaquara, que é da Linha Azul, que amanheceu fechada, passageiros juntam uma pilha de papelão e jornais e colocam fogo no material”
Para Marta,o que aconteceu na manhã de hoje
Ela lembrou que há problemas sérios com a manutenção dos trens urbanos, o que tem provocado panes e, em consequência, a revolta dos usuários. “Foram cem panes recentemente”, enumerou, recordando que a capital paulistana tem características muito próprias. Por ser muito grande ,a cidade exige um transporte público eficiente e a população conta com o metrô para se deslocar. Afinal, para percorrer distâncias imensas entre o centro e a periferia, há quem chegue a perder mais de três horas no trânsito. “De metrô, é possível ir mais rápido. Mas, se você não pode pegar metrô, não tem nem alternativa de ônibus, porque não cabem mais nas avenidas os ônibus”, avaliou.
“O metrô é obrigação do Estado de São Paulo. O Governo Federal pode ajudar, se tiver condições; a prefeitura, também. E é do interesse de todos ajudar, e acho que têm que ajudar mesmo. Agora, ajudar muito mais do que o prefeito que está lá está ajudando, que tem R$8 bilhões no banco, e esse dinheiro já poderia ter sido usado para dar mais rapidez, com a construção de mais metrô, inclusive para sobrar mais dinheiro talvez para fazer a manutenção do que está lá”, disparou, visivelmente indignada.