O tenente coronel Mauro Cid, braço direito de Jair Bolsonaro, ficou nacionalmente conhecido como o servidor do Palácio do Planaltou que tentou recuperar joias sauditas milionárias retidas na Receita Federal para o ex-presidente.
A lista de malfeitos do militar a serviço do ex-presidente, no entanto, é muito mais extensa e muito mais grave. Após prender Cid na operação que investigava fraudes em cartões de vacinação, em maio de 2023, a Polícia Federal encontrou em seu celular provas de que um golpe de Estado foi tramado dentro do Palácio do Planalto no fim do governo Bolsonaro.
A primeira evidência que veio à tona foram mensagens trocadas entre o ajudante de ordens e o ex-major do Exército Ailton Barros, amigo do ex-presidente que costumava se apresentar como o 01 de Bolsonaro.
Nas conversas, Barros descrevia um plano que incluía pressionar o então comandante do Exército, general Freire Gomes, a apoiar o golpe e previa a prisão do presidente do TSE e ministro do STF, Alexandre de Moraes.
Dias depois, novas mensagens encontradas no celular de Cid revelaram outra tramoia golpista, esta envolvendo também o coronel Élcio Franco. Número dois do Ministério da Saúde durante a gestão de Eduardo Pazuello, Franco foi envolvido num escândalo de compra superfaturada de vacinas e, depois, foi para a Casa Civil, onde se tornou assessor direto do general Braga Netto, candidato a vice-presidente de Bolsonaro em 2022.
Na conversa descoberta pela PF, da qual Ailton Barros também participou, Franco defendeu abertamente um golpe militar, mesmo que, para isso, fosse necessário passar por cima da autoridade do comandante do Exército, acionando o Batalhão de Operações Especiais da Força.