A atual tragédia socioeconômica brasileira é resultante muito menos de elementos externos do que das medidas tomadas por Jair Bolsonaro e seu ministro-banqueiro Paulo Guedes ao longo de três anos e meio de destruição deliberada. Se hoje 33 milhões de brasileiros e brasileiras passam fome, é graças à precarização do mercado de trabalho, ao desmonte de políticas públicas de segurança alimentar, à dolarização dos combustíveis, à inflação galopante e à inexistência de um projeto de desenvolvimento.
A avaliação foi feita na manhã desta quinta-feira (18) por Adriana Marcolino, técnica do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) na Subseção Central Única dos Trabalhadores (CUT). Em entrevista à jornalista Amanda Guerra, no Jornal PT Brasil, Adriana expôs os motivos da explosão da desigualdade social no Brasil sob o desgoverno Bolsonaro.
“Depois do golpe e, mais recentemente, no governo Bolsonaro, o conjunto de políticas públicas que existiam de proteção social e de eliminação da pobreza foi desmontado”, observa ela. A retirada dos direitos dos trabalhadores desde o golpe, diz, agravou a situação. “Hoje, no Brasil, a gente tem, a cada 10 pessoas no mercado de trabalho, pelo menos quatro numa situação bastante precária. Ou estão num trabalho tão precário que sequer conseguem pagar suas contas ou estão desempregadas”.
A vulnerabilidade é maior porque o desgoverno Bolsonaro, movido por uma ideologia neoliberal que desestruturou o Estado e os serviços públicos, desmantelou políticas como a de aquisição de alimentos e de apoio à agricultura familiar, prossegue Adriana. E as idas e vindas dos valores e número de beneficiários do auxílio emergencial, criado durante a pandemia, redundaram no que ela considera uma “cópia malfeita” do Programa Bolsa Família.