A pífia e retardada reação do governo brasileiro aos efeitos do coronavírus não só na saúde pública, como também nas áreas econômica e social, levou o senador Humberto Costa (PT-PE) a cobrar, nessa terça-feira (17), medidas eficazes contra a crise, principalmente em relação aos mais pobres.
Para o senador, o anúncio do pacote econômico feito pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, não representa injeção de dinheiro novo na economia do país, deixa de fora a população mais vulnerável e insiste em políticas fracassadas diante de um quadro mundial negativo, como as privatizações.
“Estamos assistindo a um espetáculo de ineficiência e mau exemplo. O presidente nem respeitar as regras sanitárias respeita. E o ministro acha que privatizar empresas públicas, agora, vai resolver os problemas do Brasil. O que precisamos é de medidas concretas, como derrubar, mesmo que temporariamente, a emenda constitucional do teto de gastos, para ser possível retomar obras paralisas e utilizar R$ 10 bilhões na saúde imediatamente”, declarou.
Humberto entende que o pacote de Guedes apenas antecipa pagamentos já previstos e anuncia recursos que pertencem ao próprio trabalhador, como o 13º salário e o FGTS. Ele lembrou que as iniciativas já estavam previstas para o decorrer do ano, como a liberação do 13º a aposentados e pensionistas no meio do ano.
“O ministro também falou em reincorporar um milhão de pessoas que foram retiradas sem explicação – e de forma perversa – do Bolsa Família no ano passado. O problema é que há cerca de 3,5 milhões de famílias ao todo que se encaixam no perfil do programa e deveriam estar sendo contempladas. O que o governo pretende oferecer a elas? Qual a proposta? Não há”, criticou.
O parlamentar ressaltou que o mercado de trabalho do país vive uma situação estarrecedora: 40% dos brasileiros estão desempregados, trabalham de maneira informal ou de forma precária, como os motoristas de Uber e motoboys e ciclistas do Ifood, que não dispõem de nenhuma proteção social e não têm vínculo empregatício.
“Não há absolutamente nenhuma medida do governo para atender a essas demandas. Precisamos, urgentemente, derrubar o teto dos gastos para que possamos retomar, por exemplo, as milhares de obras paralisadas no país e empregar um grande contingente de brasileiros. A iniciativa ainda resultaria na abertura de recursos para a saúde”, reiterou.