Medo de golpistas explica tentativa de acelerar processo de impeachment, diz Lindbergh

Medo de golpistas explica tentativa de acelerar processo de impeachment, diz Lindbergh

Lindbergh: é como se um processo de julgamento que poderia ser feito em até 180 dias eles quisessem fazer em 45 dias. Foto: Edilson RodriguesO senador Lindbergh Farias (PT-RJ) disse, nesta sexta-feira (3), em plenário, que a tentativa de encurtar os prazos do processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff, inclusive reduzindo em 20 dias o prazo de defesa e a rejeição de praticamente todos os requerimentos apresentados pelo advogado José Eduardo Cardozo, é claramente relacionada a pressão do presidente biônico interino, Michel Temer.

“Eliseu Padilha, ontem, às 13h, deu uma entrevista em que falava para todos os jornais do País sobre a preocupação com a troca de votos”, relatou o senador, destacando que esse temor aumentou após a divulgação das gravações do ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, com importantes figuras do governo golpista, como o ex-ministro do Planejamento, Romero Jucá.

Na semana passada, o senador Antônio Anastasia (PSDB-MG) apresentou cronograma de trabalho da primeira fase do processo, que iria até os dias 1º e 2 de agosto. No cronograma original, a defesa teria dez dias a mais antes de a discussão ir ao plenário.

“Ontem, nós fomos surpreendidos, porque houve uma antecipação desses prazos em 20 dias. O STF já definiu que o rito desse impeachment tem que ser o mesmo rito do impeachment de 1992, do Collor. O mesmo prazo. Eles anteciparam em 20 dias. É como se um processo de julgamento que poderia ser feito em até 180 dias eles quisessem fazer em 45 dias”, explicou.

Medo da pressão popular

O senador também apontou que o interesse em acelerar o processo de impeachment se dá pela mudança de humor na população de modo geral. Segundo Lindbergh, os cidadãos estão cada vez mais convictos de que existe, de fato, um golpe em curso no País. Essa mudança de percepção, inclusive, seria o motivo da ausência de pesquisas que mostrem a mudança de entusiasmo da população com a retirada da presidenta eleita através do processo em curso.

“No Nordeste, na última pesquisa que vi, eram 56% contra o impeachment, dizendo que esse impeachment é golpe. Em 15 dias de governo Temer – agora, saiu uma do Ibope, que a Carta Capital trouxe dizendo o seguinte: ‘A confiança na Dilma aumentou de 18% para 35%’. É um salto muito grande em um espaço pequeno de tempo”, disse o senador.

Indignação seletiva de tucanos

Ao final do discurso, Lindbergh ainda criticou a indignação seletiva do PSDB. De acordo com o senador, os tucanos sempre se apressaram em pedir investigações contra o PT, diziam que a Lava-Jato era problema do PT. Mas, quando os episódios de corrupção afetam correligionários tucanos, o freio é acionado e a cautela surge. Exemplo disso é o senador Aécio Neves (PSDB-MG), presidente nacional do partido, citado em diversas delações premiadas e que, enfim, teve aceito o pedido de prosseguimento da investigação por suposto envolvimento no escândalo de corrupção conhecido como Lista de Furnas.

“Ah, que dificuldade abrir investigação contra o Aécio. Ah, que dificuldade. Porque abrem [investigação] contra qualquer um. Se falou de alguém do PT abrem na hora. Do Aécio é esta história: vai, não vai, não vai. Pelo amor de Deus”, criticou.

 

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