Alessandro Dantas

Nos últimos dias tivemos eventos que projetam cenários promissores para o Brasil e o mundo. De pronto, destacamos a volta às ruas dos democratas do país. Em mobilização quase espontânea, pelo curtíssimo prazo, uma multidão de brasileiros e brasileiras decidiu dizer um basta à desenvoltura vergonhosa da extrema direita no Congresso Nacional. Como primeira consequência do fato, assistimos ao enterro sumário, pelo Senado Federal, da “PEC da Blindagem”, após ter sido aprovada à toque de caixa na Câmara dos Deputados.
Demonstrando a ousadia e a desconexão dos bolsonaristas do Congresso com a agenda de interesse do povo brasileiro, de lambuja, os bolsonaristas aprovaram a urgência para a proposta de anistia aos golpistas. Isto, como pretexto para livrar Bolsonaro dos crimes em série por ele cometidos.
O povo nas ruas assustou o Centrão que, de imediato, parece ter retirado o apoio à anistia substituindo-a por proposta de redução de penas aos golpistas, exceto no caso do crime de tentativa de golpe de estado. Quem tem legitimidade para rever dosimetrias de penas é o judiciário. O PT é contrário à proposta, e o povo está no modo alerta!
Coincidindo com esse importante freio de arrumação no Congresso, tivemos a realização da 80ª edição da Assembleia Geral da ONU em New York com a presença marcante e inspiradora do Brasil, tanto nesse evento como nas bilaterais e reuniões temáticas paralelas ocorridas.
Expressando as angústias com as dissonâncias políticas, conflitos, ameaças sistêmicas, e instabilidades econômicas que predominam no mundo, o tema central da Assembleia da ONU, foi intitulado: Melhor Juntos. Uma espécie de grito veemente das Nações Unidas pelo multilateralismo, como única forma de a humanidade caminhar para um quadro estável de pacificação, harmonia e cooperação, inclusive, no grande desafio vital do planeta associado às mudanças climáticas.
Nesse contexto, um dos pontos altos da Assembleia foi o discurso do presidente Lula que provocou sete reações de aplausos pelo seletíssimo público presente, constituído de chefes de governos e Estados, e altas autoridades de todo o mundo.
A fala de Lula conciliou posicionamento político assertivo em defesa da soberania e da democracia do nosso país, com a defesa firme de uma nova ordem global que supere o extemporâneo hegemonismo unipolar. Com um texto talentoso, fez a exortação por um mundo baseado no multilateralismo, inclusive, com a refundação da OMC. Pediu o fim das sanções arbitrárias a países como Cuba e Venezuela; o apoio efetivo aos países da África; o fim ao genocídio em Gaza; o restabelecimento da paz e cooperação entre Rússia e Ucrânia.
No discurso, o presidente Lula enfatizou a urgência da criação do estado da Palestina e sua integração à comunidade internacional como única forma de garantir a convivência pacífica com o povo Judeu e o estado de Israel. Em especial, Lula renovou a demanda por uma nova governança global descolada da realidade do pós-guerra e da queda da União Soviética, mas atualizada para um mundo multipolar com o protagonismo do sul global.
Como não poderia deixar de fazê-lo, o presidente do Brasil, conclamou o engajamento das Nações de todo o mundo, em especial, das desenvolvidas, pelo enfrentamento das mudanças climáticas com ações concretas e substanciais na COP 30 por ele denominada de a COP da Verdade. Em específico, Lula articulou a adesão dos países ao Fundo de Florestas Tropicais para Sempre.
Por fim, destacando o elevado significado do reconhecimento do estado palestino por mais 10 países, esperamos que da química Trump/Lula, resultem avanços tangíveis e significativos na recuperação e transformação das relações diplomáticas, econômicas e comerciais entre Brasil e EUA. Melhor juntos.