Melhor avaliação do governo deve-se ao protagonismo de Dilma, diz Humberto

Melhor avaliação do governo deve-se ao protagonismo de Dilma, diz Humberto

Humberto: melhora da avaliação é reflexo das iniciativas tomadas pelo governo, mostrando para a população que o País não está paradoEm entrevista à imprensa desta quarta-feira (24), o líder do PT, Humberto Costa (PT-PE), atribuiu às iniciativas do governo em diversas frentes – da área econômica à social – a melhora da avaliação da presidenta Dilma e de seu governo, segundo apontou a pesquisa da CNT/MDA, divulgada nesta tarde. 

A sondagem aponta que o percentual dos que aprovam o desempenho pessoal da presidenta subiu de 15,9% para 21,8%, ao passo que a avaliação negativa do governo caiu de 70% para 62,4%. Humberto concedeu entrevista ainda na condição de líder do PT. No começo desta tarde, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), fez a leitura da mensagem presidencial na qual o governo Dilma indica Humberto ser o novo líder do Governo no Senado. Abaixo, trechos da entrevista: 

Repórter – Como foi recebida a pesquisa que mostra a melhora da avaliação do governo Dilma?

Humberto Costa – As pesquisas sempre refletem aquele momento específico, refletem essa melhora. Porém, nós sabemos que temos muito a percorrer para obter a aprovação e o apoio que a presidente já teve oportunidade de experimentar. Por outro lado, acho que também é reflexo das iniciativas que foram tomadas pelo governo, mostrando para a população que não está parado. É preferível que tenhamos ação concreta ainda que possa gerar algum tipo de contradição, polêmica, e estar presente e mostrar que o Brasil tem presidente. Acho que é o reflexo disso que a presidenta Dilma fez ao longo desses últimos dois meses. 

E o que se tem a falar sobre essa melhora?

Humberto Costa – É  uma pequena melhora. Todos nós reconhecemos que há muito para ser feito para voltarmos aos patamares que a presidenta já experimentou. Esse é o nosso objetivo e acredito que reflete a ação do governo; a ação da própria presidenta, demonstrando que o governo não está parado. A sua participação no debate econômico das medidas que têm mandado para o Congresso; o combate a esse problema seríssimo que é a proliferação dos focos do Aedes aegypti; ela assumindo a frente disso, acho que esse protagonismo ajuda a melhorar a avaliação de Dilma e do próprio governo. 

Alguns parlamentares da oposição disseram que a avaliação subiu só porque as novas denúncias não entraram na pesquisa? O que o senhor acha?

Nenhuma dessas denúncias atinge a presidenta. Nós temos feito questão de dizer isso e demonstrar que, se alguém cometeu fato errado, se houve irregularidade, isso de forma alguma tem a ver com a campanha da presidenta. Eu tive a oportunidade de acompanhar diretamente o rigor com que ela tratou as contribuições de sua campanha; os gastos de sua campanha e, portanto, não há hipótese e não vejo qualquer hipótese de que qualquer tipo de recurso pago fora do Brasil, ou caixa dois, que seja da campanha dela. 

E sobre a redução da nota de risco do Brasil?

Humberto Costa – A nota já era esperada e os dados foram coletados já algum tempo. Refletem uma situação anterior ao momento presente, mas naturalmente demonstram que nós continuamos a passar por um momento de dificuldade. A redução, portanto, era esperada e resultado de problemas específicos que temos na nossa economia, mas também do agravamento da crise internacional. Até países que têm sido o motor do desenvolvimento econômico no mundo, como a China, têm passado por dificuldades crescentes. Eu tenho a expectativa que neste ano de 2016 vamos começar a mudar esse quadro. 

Uma resposta a ser dada pelo governo poderia ser a aprovação de medidas do ajuste fiscal?

Sim, nós já aprovamos boa parte das medidas ainda que no Congresso Nacional tenham acontecido mudanças em muitas dessas medidas. O governo mantém a posição de que é importante completar esse ajuste fiscal e também mantemos a posição de que precisamos cada vez mais estimular a economia para criar as condições para o retorno do crescimento. Não adianta apenas ajustar. Precisamos criar condições para que as pessoas consumam, para que os investidores invistam e para que nós possamos, principalmente, gerar empregos. Essa é a principal preocupação do governo. 

O rebaixamento da nota dificulta a retomada do crescimento econômico?

Não mais do que já foi nas últimas decisões dessas agências de risco porque todos os investidores têm acompanhado; eles têm informações bastante precisas dos cenários e eu acredito que não muda. É um momento de dificuldade e o governo precisa, de fato, ampliar essas condições de confiança e o Congresso tem responsabilidade nisso. Nós temos que eliminar definitivamente essas pautas bombas e, ao mesmo tempo, votar medidas que deem mais credibilidade. 

Como o senhor recebe a indicação de seu nome para assumir a liderança do governo no senado?

Veja, não há definição ainda (ela foi consumada logo depois dessa entrevista). Acredito que nessas próximas 24 horas o governo deve se definir. Se vier recair sobre mim essa responsabilidade eu vou tentar cumpri-la da melhor maneira possível, especificamente procurando negociar bastante dentro de nossa base de apoio e com a própria oposição. 

Sobre a votação do projeto sobre o pré-sal, é uma boa coisa, o que o senhor acha? 

Como líder do PT que sou, defendo a manutenção da legislação atual. Consideramos que não é o momento de se retirar da Petrobras a condição de operadora única do pré-sal porque nós temos hoje preços muito baixos do petróleo. Não é verdade que a Petrobras não consiga fazer investimentos nos leilões que nem vão acontecer neste ano. Nós temos reservas suficientes para atender a demanda do mercado interno, e mais, temos condições de duplicar a produção daqueles poços que já foram leiloados e que a Petrobras já opera no pré-sal. Então, porque tomar uma decisão agora que só teria reflexo daqui a cinco anos. 

Mas o governo teve uma derrota ontem na votação do requerimento para retirada de urgência desse projeto…

Veja, o governo tem posições diferenciadas. Esse não é um problema especificamente governo – oposição, porque na base de sustentação do governo que vota conosco há pessoas que não votam com o governo, mas votam na posição que o governo está defendendo neste momento. Acho que é um tema muito mais complexo do que o enfrentamento governo e oposição. Mas o governo prefere e nós também que a lei se mantenha como está. 

Marcello Antunes

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