Não é somente um livro, tampouco uma plataforma. O “Memorial da Verdade: por que Lula é inocente e por que tentaram destruir o maior líder do Brasil”, lançado nesta quarta-feira (22) no Salão Nobre do Congresso, é um documento multimídia que demarca a luta pela volta do Estado de Direito no Brasil, de forma a evitar que o episódio de perseguição, condenação ilegal e prisão de Lula volte a acontecer com uma liderança política progressista no Brasil.
A publicação foi organizada pelo jornalista e escritor Ricardo Amaral. Ele lembrou, durante o lançamento, que quando o livro foi impresso em sua primeira edição ainda não havia saído a sentença que absolveu Lula do 19º processo. Essa e outras atualizações devem sair nas próximas edições. A versão atualizada pode ser obtida aqui (BAIXE O LIVRO).
Além de relatar os passos do ex-presidente e de seus advogados para conquistar as seguidas vitórias nos tribunais, a obra de 68 páginas e seis capítulos detalha as motivações políticas e a perseguição sofrida. Inclusive a partir de estatísticas da cobertura da grande mídia.
Ricardo Amaral lembrou que somente entre janeiro e agosto de 2016 foram 13 horas de matérias negativas levadas ao ar pelo telejornal de maior audiência no país; nenhuma matéria era positiva. No ano anterior, os três maiores jornais em circulação publicaram 693 editoriais contra Lula, e, com a mesma tônica, foram 55 capas das três maiores revistas semanais. “Isso não aconteceu de graça”, concluiu.
A bancada do PT no Senado foi representada no evento pelo senador Rogério Carvalho (SE), que jogou foco nas motivações que levaram Lula a ser perseguido, preso e sacado das eleições de 2018. Segundo ele, Lula representou não só a chegada do povo ao poder, mas um novo paradigma do Brasil frente ao mundo.
Rogério Carvalho ainda destacou avanços como a inclusão social, o crescimento econômico do país, que chegou a figurar como a sexta maior economia do mundo, e a geração recorde de emprego e renda. Mas essas conquistas, assim como a implantação de uma política petrolífera voltada aos interesses nacionais e a construção de novas pontes na economia mundial, atraíram fortes reações, observou o senador. “Éramos de fato uma grande nação ameaçadora aos interesses do mundo corporativo, que queria impedir a explosão desse gigante ou ter para si as riquezas desse gigante”.
Em entrevista à Rádio PT, Pedro Serrano, especialista em Direito Constitucional e membro da ABJD, a Associação Brasileira de Juristas pela Democracia, afirmou que o “Memorial da Verdade” tem uma eficácia imediata, que é a de reumanizar Lula no plano político, uma vez que no plano jurídico essa meta já foi alcançada. “O artigo 10 da Declaração Universal dos Direitos Humanos diz que todos temos direito a ser submetidos a um julgamento justo por um juiz imparcial. Lula não tinha esse direito observado. Agora precisamos mostrar às pessoas que essas imprecações feitas contra ele, de corrupção etc não apenas são falsas, mas que Lula foi tratado pelo Estado como inimigo, foi desumanizado, foi um preso político”.
Ao comentar o processo contado pelo memorial da Verdade, Serrano comparou o momento brasileiro ao da Alemanha nazista, ao pontuar que há uma degeneração do sistema legal, da Constituição e da própria democracia: “Bolsonaro é um dos principais agentes soberanos desse processo”. Nesse ponto, lembrou o jurista, a Operação Lava Jato ajudou a forjar o bolsonarismo, “ao cumprir tarefas políticas para a extrema direita, criando o ambiente social e afetivo propício ao impeachment inconstitucional, ao golpe contra a presidenta Dilma Rousseff e ao impedir Lula de ser candidato”. Isso tudo, pontuou Pedro Serrano, em consonância à atuação da grande mídia, que desde a década de 1990 atua num movimento de apoio a um Estado de Segurança em substituição ao Estado de Direito.
Para o líder do PT no Senado, Paulo Rocha (PA), o livro é um documento fundamental para disseminar a verdadeira história. “Todas as mentiras contra Lula caíram uma a uma. Tiraram o maior presidente da história do país do cenário eleitoral de 2018, o prenderam injustamente por 580 dias e hoje o país se encontra no caos. A verdade agora prevalece e os brasileiros podem finalmente ter esperança de reconstruirmos a nossa imensa Nação”, afirmou.