Mercadante: trechos da gravação foram omitidosO ministro da Educação, Aloizio Mercadante, afirmou, nesta terça-feira (15), em entrevista coletiva na sede do ministério que não tentou impedir o senador Delcídio do Amaral (PT-MS) de firmar acordo de delação premiada no âmbito da Operação Lava Jato. O ministro disse ainda agiu de forma “política e pessoal” e isentou a presidente Dilma Rousseff (PT) de qualquer responsabilidade na conversa que teve com o assessor do parlamentar, cujo a gravação foi entregue à PGR nesta terça-feira (15).
“A responsabilidade sobre esse diálogo é só minha, a iniciativa foi minha.[…] Me colocarei à disposição e vou procurar o procurador-geral da República [Rodrigo Janot]. Não se discute uma questão de governo [na conversa com o assessor de Delcídio]”, disse.
O ministro disse também que o gesto de procurar o assessor foi pessoal e motivado pela solidariedade. Ele alegou ainda que trechos específicos da conversa foram divulgados, enquanto outros foram omitidos. “É absolutamente nítido, mesmo toda a tentativa do assessor de me induzir para algumas questões como essa [impedir delação], eu fui muito firme em deixar claro que era um direito dele e que não ia ter qualquer interferência, e que isto não era objeto da minha preocupação. {…} Qual era o objeto da minha preocupação? O objeto foi que eu vi uma campanha brutal na internet contra as filhas dele, isso me sensibilizou, uma pessoa que eu convivi por 13 anos, e eu chamei o assessor dele para dizer: “Eu estou aqui para fazer um gesto pessoal de solidariedade”.
Leia a íntegra da nora distribuída pelo ministro Aloizio Mercadante:
Nota de Esclarecimento
1) Em relação à matéria veiculada pela revista Veja, em 15/03/2016, o Ministro Aloizio Mercadante esclarece que:
a) Tomou uma iniciativa de caráter eminentemente pessoal e política de solidariedade, especialmente em relação à família do senador Delcídio, que foi alvo de uma ampla exposição na internet, após a sua prisão;
b) Jamais tentou impedir a delação do senador Delcídio do Amaral;
c) Deixou claro que não se envolveria na defesa dele no processo judicial;
d) Defendeu que qualquer procedimento de defesa se desse com legalidade, transparência e consistência;
e) Jamais intercedeu junto a qualquer autoridade do Poder Judiciário, Ministério Público ou Senado Federal pelo senador Delcidio do Amaral;
f) A menção às autoridades foi no contexto, a partir de sua experiência como ex-senador, da defesa construir uma tese que ensejasse uma nova manifestação do Senado;
2) O ministro Aloizio Mercadante repudia com veemência a tentativa do senador Delcidio do Amaral e de seu assessor, Eduardo Marzagão, de transformar um gesto de solidariedade, em momento de grande dificuldade pessoal, em elemento jurídico em busca de um benefício judicial, razão pela qual adotará todas as medidas judiciais cabíveis em face de ambos.
3) por fim, o ministro já se colocou imediatamente à disposição da PGR, do STF e do Congresso Nacional para prestar todos os esclarecimentos necessários.
4) A fim de ser reestabelecida a verdade ressaltamos alguns trechos transcritos do áudio e outros omitidos na transcrição da reportagem da revista Veja:
a) Não houve qualquer tentativa de impedir a delação do senador: “tem que construir uma saída para ele sair de lá. Uma saída viável. Se ele tá ameaçando a delação… mesmo que ele queira fazer. Eu não vou entrar nisso. A decisão é dele. É um direito dele, ele faz o que achar que deve.” (Trecho omitido)
b) “Mas é o seguinte, eu não tenho nada a ver… o Delcídio… zero… não tô nem aí se vai delatar, não vai delatar, não tô nem aí…” (Trecho publicado)
c) Defesa do processo dentro da legalidade: “só dar pra fazer coisa na legalidade, com transparência, com consistência, porque senão não vai prosperar… (Trecho omitido)
d) Não houve interferência na defesa do senador: “Eu não vou me meter na defesa dele. Não sou advogado, não tenho o que fazer, não sei do que se trata, não conheço o que foi feito.” (Trecho publicado)
Foto: Uiara Lopes