Jornalistas experientes da mídia nacional consideram grave a confissão do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot de que Lula é vítima de lawfare. A revelação consta do livro de memórias “Nada menos que tudo” e será alvo de novo habeas corpus a ser apresentado pela defesa do ex-presidente perante o Supremo Tribunal Federal. Os advogados apostam na anulação da condenação de Lula.
Reinaldo Azevedo, Luís Nassif, Kennedy Alencar e Daniela Lima apontam que as revelações de Janot de que foi pressionado por Deltan Dallagnol e outros procuradores da Lava Jato reforçam a defesa de Lula de que os integrantes da força-tarefa e o ex-juiz Sérgio Moro atuaram de forma partidária e parcial para condená-lo no caso do tríplex do Guarujá.
“Janot prova no livro que Lula foi alvo de uma caçada da Lava Jato”, denuncia Reinaldo Azevedo, no UOL. “Janot comprova a partidarização da Lava Jato”, destaca Nassif, no site GGN. No Painel da Folha, a colunista Daniela Lima relata que Janot afirma ter sido pressionado por integrantes da força-tarefa a sobrepor investigações contra Lula para dar força à denúncia do caso tríplex. A expectativa é que as novas revelações levem o STF a apurar com mais rigor as irregularidades no caso de Lula, já escancaradas pelas denúncias da Vaza Jato feitas pelo Intercept Brasil e outros veículos da imprensa.
“Advogados de Lula vão anexar o capítulo 15, intitulado ‘O objeto de desejo chamado Lula’, à ação do ex-presidente na ONU contra os métodos dos investigadores que o levaram à prisão”, destaca a jornalista. Kennedy Alencar, comentarista da CBN, também trata da “pressão” de Dallagnol e outros procuradores sobre o ex-chefe do Ministério Público Federal.
Mídia internacional
Na mídia internacional, a decisão de Lula de recusar o benefício da progressão do regime de prisão – de fechado para o semi-aberto – ganhou ampla repercussão internacional nas últimas 24 horas. Despachos da Associated Press, France Presse, Reuters, Bloomberg, Prensa Latina, Lusa e EFE noticiam que Lula rechaçou condições para deixar a prisão e cumprir a pena em casa. As reportagens destacam que o presidente não troca a dignidade por sua liberdade.
Alguns dos despachos são replicados nos principais jornais e veículos dos Estados Unidos, América Latina, Ásia e Europa. New York Times, Washington Post, CBS, Voice of America, Clarin, La Nación, Página 12, La Tercera, Xinhua News, Diário de Notícias e l’Humanité também reportam o conteúdo a carta de Lula sua condenação não tem legitimidade, já que foi fruto de um processo político que o levou à prisão sem que provas ou evidências.