Em seu primeiro pronunciamento à Nação em rede nacional de rádio e TV, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, celebrou nesse domingo (7), com ressalvas, o fim da emergência sanitária por Covid-19 e fez questão de demarcar a diferença entre o tratamento dado ao setor pelo governo Lula, apoiador e entusiasta da ciência, e pelo anterior, cujo negacionismo agravou os efeitos da pandemia.
A ministra conclamou a população a reforçar a vacinação contra a doença, saudou a comunidade científica mundial e exaltou o trabalho incansável dos profissionais do Sistema Único de Saúde (SUS), “o maior sistema universal de saúde do mundo”.
Nas redes sociais, o pronunciamento foi registrado pela senadora Teresa Leitão (PT-PE), que divulgou o link do discurso, e pelo senador Humberto Costa (PT-PE), ex-ministro da Saúde. “O sentimento é de esperança. A emergência da pandemia acabou, mas é hora de seguirmos com o aprendizado mais valioso: a importância dos reforços da vacinação”, alertou.
Na sexta-feira (5), a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou não mais considerar a Covid-19 uma emergência de saúde pública global. “Depois de termos passado por um período tão doloroso, nosso país recebe essa notícia com esperança. Ainda vamos conviver com a Covid-19, que continua evoluindo e sofrendo mutações”, declarou a ministra.
“Temos uma redução progressiva do número de hospitalizações e óbitos, resultado da proteção da população pelas vacinas”, registrou Nísia, que advertiu: “Infecções pelo vírus Sars-Cov2 [responsável pela Covid-19] vão continuar e devemos manter cuidados. É hora de intensificar a vacinação. As hospitalizações e óbitos ocorrem principalmente em indivíduos que não tomaram as doses de vacina recomendadas. Esta é a forma mais eficaz e segura de proteger nossa população. Precisamos estar unidos pela saúde, em defesa da vida”, apontou a ministra.
Negacionismo mata
Nísia Trindade relembrou os obstáculos enfrentados pela população durante a pandemia, quando ela presidia a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). “O pior impacto foi a perda de tantas vidas e saber que muitas poderiam ter sido salvas”, salientou.
“Infelizmente, no Brasil, perdemos mais de 700 mil pessoas: 2,7% da população mundial vivem em nosso país, mas tivemos 11% do total de mortes”, comparou. “Outro teria sido o resultado se o governo anterior respeitasse as recomendações da ciência, se fossem seguidas e cumpridas as obrigações de governante de proteger a população do país. Não podemos esquecer! Precisamos preservar essa memória para poder construir um futuro digno”, frisou a ministra.
Ela exaltou a atuação dos profissionais da área que estiveram na linha de frente para combater a doença e cuidar da população atingida. “Apesar do negacionismo, dos ataques à ciência e da política de descaso, muitas vidas foram salvas devido ao SUS e ao esforço sem limite das trabalhadoras e trabalhadores da saúde. A todos agradeço, em meu nome e em nome do presidente Lula, que tem se dedicado desde o primeiro dia de nosso governo à política do cuidado e ao fortalecimento do SUS”, afirmou, mencionando a FioCruz, o Instituto Butantan e a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), bem como prefeitos e governadores que “não se deixaram levar pelo negacionismo e contribuíram decisivamente para o enfrentamento da pandemia”.