No texto, Veja requenta a acusação veiculada na semana anterior na matéria Feitiços e feiticeiros de que o ministro Cardozo se reuniu com o advogado Sérgio Renault, representante da UTC (empresa investigada na Lava Jato). O suposto encontro, na verdade, foi um aperto de mão dado por Cardozo quando Renault passou no ministério para encontrar o advogado Sigmaringa Seixas, ao final de uma audiência oficial deste com o ministro.
A intenção da revista já havia sido esclarecida pela senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), em discurso em plenário. “Só na ditadura é que não se reconhecia o Estado de direito e o direito das pessoas de irem atrás de seus direitos, é que ministro não recebia advogado, é que ministro não recebia pessoas a fazerem reclamação”, disse Gleisi à época.
Mesmo assim, a revista volta a fazer referência ao episódio citando fontes anônimas e ainda acusa Cardozo de manobrar para evitar a delação premiada do engenheiro Ricardo Pessoa, presidente da construtora UTC, citada na Lava Jato. Tese que não dispõe qualquer fundamento, como esclarece o Ministério da Justiça:
“A versão veiculada se mostra mais absurda quando ignora que o Ministro da Justiça não dispõe de instrumentos para impedir ou negociar vantagem de qualquer natureza para que uma delação premiada não se consume. Ele não tem poderes para determinar o fim de uma prisão, para impedir ou mitigar uma condenação ou para efetivar qualquer medida que pudesse oferecer vantagens a um investigado em troca do seu silêncio”, diz trecho da nota que pode ser lida na íntegra logo abaixo.
Nota oficial do Ministério da Justiça
Em face das inverdades noticiadas na matéria “O que ele sabe é dinamite pura” publicada na edição de hoje da revista Veja, o Ministério da Justiça esclarece que:
1- É mentirosa a versão veiculada pela segunda vez pela revista Veja de que o ministro José Eduardo Cardozo tenha se reunido com o advogado da UTC Sergio Renault para tratar das investigações da Operação Lava Jato ou discutido a conveniência de um acordo de delação premiada por parte do dono da UTC, Ricardo Pessoa.
2- O Ministro da Justiça sempre garantiu a plena autonomia das investigações realizadas pela Polícia Federal, não admitindo qualquer interferência indevida na sua condução. O mesmo tem acontecido na operação “Lava Jato”, onde várias delações premiadas já foram realizadas sem que tivesse ocorrido qualquer tentativa de obstá-las.
3. A versão veiculada na matéria ainda se mostra mais absurda quando ignora que o Ministro da Justiça não dispõe de instrumentos para impedir ou negociar vantagem de qualquer natureza para que uma delação premiada não se consume. Ele não tem poderes para determinar o fim de uma prisão, para impedir ou mitigar uma condenação ou para efetivar qualquer medida que pudesse oferecer vantagens a um investigado em troca do seu silêncio.
4 – É lamentável que, mais uma vez, a Veja se utilize de supostas declarações de um investigado, encaminhadas à revista por pessoas que se escondem no anonimato, para buscar atingir a imagem do Ministro e de membros do governo federal. Uma vez identificadas, essas pessoas serão processadas civil e criminalmente.
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