Ministro da Saúde espera que vacina contra Zika esteja pronta em três anos

Ministro da Saúde espera que vacina contra Zika esteja pronta em três anos

Fátima: O mundo todo está em alerta por causa da ameaça que a proliferação das doenças causadas pelo Aedes tem colocado à saúde públicaO plenário do Senado realizou, nesta quinta-feira (25), sessão de debates temáticos para discutir a epidemia de Zika vírus no Brasil. De acordo com o ministro da Saúde, Marcelo Castro, o ano de 2015 foi o que ocorreu o maior número de casos de dengue em toda a história do País, com aproximadamente 1,6 milhão de casos.

O ministro também relatou que a microcefalia no Brasil está concentrada especialmente no Nordeste, onde há 81,2% dos casos notificados suspeitos. Além disso, 22 estados já identificaram a presença do Zika.

“A causa da epidemia de microcefalia no Brasil se deve a circulação do vírus no País. O aumento de casos ocorreu aproximadamente seis meses depois da circulação do vírus”, afirmou o ministro, apesar de ainda não haver comprovação científica entre os casos de microcefalia e o Zika vírus.

Quanto ao desenvolvimento de vacinas, o ministro explicou que um produto contra a dengue está sendo produzido em uma parceria do Instituto Butantan com o Instituto Nacional de Saúde Norte-Americano (NIH). A expectativa dos cientistas, de acordo com Marcelo Castro, é que seja elaborada uma vacina revolucionária, que poderá imunizar toda a população mundial.

“Nisso o Brasil revela seu protagonismo”, disse. “Há a expectativa de todos os cientistas de que possamos ter o desenvolvimento dessa vacina num prazo inferior a um ano. Com os testes clínicos feitos em dois anos, poderemos, então, em três anos, obter a vacina contra a Zika e, em dois anos, a vacina contra a dengue”, emendou.

Quanto às ações de combate ao mosquito Aedes aegypti, o ministro relatou as ações coordenadas pelo governo federal. Entre elas, está o Dia da Faxina em todos os prédios públicos nacionais, evento também realizado nos prédios de saúde em todo o País. Outra medida destacada foi a mobilização de 49 mil agentes de combate às endemias, 266 mil agentes comunitários de saúde, 220 mil militares das três Forças Armadas no Dia Nacional de Mobilização contra o mosquito Aedes aegypti.

O vice-presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Valcler Rangel Fernandes, em sua fala, relatou a visita realizada, na quarta-feira (24), por Margaret Chan, diretora-geral da Organização Mundial de Saúde, e Carissa Etienne, diretora da Organização Pan–Americana de Saúde.

De acordo com o representante da Fiocruz, estão propondo a realização de um seminário internacional, na própria entidade, para que especialistas do mundo inteiro possam discutir a questão. “Nós estamos lidando com isso, e ela, efetivamente, elogiou muito”, enfatizou, se referindo a representante da OMS.

A senadora Fátima Bezerra (PT-RN) aproveitou a oportunidade para relatar as ações, bem-sucedidas, que estão em curso no Rio Grande do Norte, estado que representa. “No nosso estado tem sido colocado em prática um novo método de combate que conseguiu reduzir 86% dos casos de dengue em apenas um ano”, relatou.

De acordo com Fátima, foram espalhadas 500 armadilhas, chamadas de ovitrampas, em todos os bairros, a uma distância de 300 metros uma da outra. “A amostra recolhida nas arapucas é encaminhada para o Centro de Controle de Endemias do município.  Dessa forma é possível direcionar mais agentes para as regiões com maior concentração de ovos e larvas dos mosquitos Aedes aegypti”, explicou.

A senadora reforçou que a OMS declarou que o vírus é uma emergência de saúde pública de importância internacional e salientou que a necessidade de toda a população se unir ao governo federal na luta contra o Aedes aegypti.

“Quero reforçar o que já foi dito aqui, o mundo todo está em alerta por causa da ameaça que a proliferação das doenças causadas pelo Aedes tem colocado à saúde pública”, disse.

Saiba mais sobre o Aedes aegypti e o Zika vírus

– Cento e treze países do mundo convivem com a dengue, sendo 50 mortes por ano no mundo inteiro. De 2,5 a 3 bilhões de pessoas vivem em países que têm a dengue endêmica.

– No Brasil, a transmissão vem de forma continuada desde 1986. Aqui circulam os quatros sorotipos: a dengue 1, a dengue 2, a dengue 3 e a dengue 4. 2015 foi o ano em que o Brasil teve o maior número de casos de dengue em toda a história, com aproximadamente 1,6 milhão de casos.

– Hoje são 42 países que têm transmissão autóctone (originada na própria região) de zika. E, destes, 29 países estão nas Américas.

– A transmissão do vírus tem sido documentada desde 2007, na Micronésia. Além do Brasil, Porto Rico, Martinica, El Salvador, Venezuela, Polinésia Francesa, Colômbia e Suriname relataram aumento na incidência dos casos de Guillain-Barré, que é uma síndrome neurológica associada ao vírus zika.

– Em 2013, a Polinésia Francesa registrou uma epidemia de zika. Agora estão identificando casos de microcefalia. Depois do Brasil, a Colômbia foi o país mais afetado, com mais de 25 mil casos suspeitos notificados. E, destes, 1.331 já confirmados como zika.

– O Brasil vem registrando aumento significativo de recém-nascidos com suspeita de microcefalia. A microcefalia já existiu no País. O aumento do número de casos suspeitos da doença por causa da circulação do vírus zika que é inédita.

– No Brasil, 5.640 casos de microcefalia foram notificados, até ontem, ou seja, casos suspeitos. Essa notificação é dada pelo perímetro craniano das crianças, que, a partir disso, então, são submetidas a exames de ultrassonografia transfontanela e de tomografia computadorizada. Dos casos investigados, 583 foram confirmados e 950 foram descartados. Duzentos e trinta e cinco municípios, em 16 estados da Federação já confirmaram isso. Houve 120 óbitos, alguns em investigação ainda.

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