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Ministro diz que nunca mudou orientação sobre distanciamento social

Para senador Rogério Carvalho (PT-SE), reunião com Nelson Teich foi “frustrante”
Ministro diz que nunca mudou orientação sobre distanciamento social

Foto: Agência Senado

O ministro da Saúde, Nelson Teich, enfatizou, nesta quarta-feira (30), a manutenção da quarentena para combater a disseminação do novo coronavírus. Em audiência interativa no Senado, Teich ressaltou que a pasta “nunca mudou a orientação oficial de manter o distanciamento”, afirmando que, sem mais informações, essa é a única medida que se tem “há mais de cem anos”, desde a gripe espanhola (1918).

“Nosso sistema de informações nunca evoluiu a ponto de desenvolver novas estratégias para uma pandemia”, admitiu. O ministro foi convidado pelos senadores a explicar, via videoconferência, o trabalho do Ministério da Saúde no combate à pandemia. Mas destacou apenas a importância de identificar o comportamento da evolução da Covid-19 em cada região do país, para que, posteriormente, o isolamento seja tratado de forma diferente entre os estados.

Desde o dia 17 de abril no cargo, Teich disse que o “principal foco de sua gestão é aprofundar a coleta de informações sobre o vírus”, que ainda tenta entender. De acordo com ele, ao menos R$ 4,5 bilhões deverão ser transferidos do Ministério da Saúde para os estados, um aporte que será destinado principalmente aos locais mais afetados.

Frustrante
Senadores, no entanto, criticaram as proposições do chefe da Saúde que, segundo eles, falta com ações concretas. “Foi frustrante para a maioria de nós a conversa, porque ele não disse, objetivamente, como vai ajudar o Ceará, São Paulo, Manaus, Pernambuco que está em estado já crítico, como vai ajudar o Rio de Janeiro, o Amapá”, contestou o líder do PT no Senado, Rogério Carvalho (PT-SE), em entrevista aos jornalistas Marilu Cabañas e Glauco Faria, da Rádio Brasil Atual.

“O ministro não disse como ele vai fazer chegar os respiradores, os equipamentos de proteção individual, ele só disse que vai priorizar onde está acontecendo a crise, mas a gente tem que se antecipar à crise”, acrescentou Carvalho, que é também médico e doutor em Saúde Pública pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

A reunião com o ministro ocorreu ainda um dia após o Brasil ter ultrapassado a China no número total de óbitos, e o presidente Jair Bolsonaro reagir dizendo “e daí? Lamento. Quer que eu faça o quê?”. No último balanço desta quarta, já eram 78.162 casos confirmados e 5.466 óbitos. Ainda assim, Teich disse que não se sabe quando será o pico da pandemia.

O líder do PT no Senado relaciona o atual cenário da doença no país como uma “consequência da ausência do presidente da República”. “Quando ele passou o sinal trocado, argumentou que seria uma gripezinha, que não precisava de isolamento e que não podia parar a economia, ele criou um discurso que compete com um discurso da OMS (Organização Mundial da Saúde), discurso que é técnico e científico. Ele se contrapôs e criou um problema”, explica.

Agora, para Carvalho, só há um jeito de evitar “uma catástrofe no país de proporções ainda não vistas no mundo: intensificando a quarentena”, destaca o doutor em Saúde Pública.

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