O livro “Felicidade fechada”, de Miruna Genoino, foi lançado em Brasilia nesta quarta-feira, no Teatro dos Bancários. O livro traz as cartas que Miruna escreveu ao pai, José Genoino, no período em que ele esteve preso. Com participação de Genoino e familiares, o evento contou com a participação de senadores do PT, deputados e lideranças sindicais e populares. No hall do teatro, foram expostos quadros de Rioco Kayano, esposa de Genoino, pintados durante o período da prisão do marido. “A gente nunca vai baixar a cabeça, nunca se envergonhar de ser da família Genoino”, sintetizou Miruna na apresentação do livro, emocionando os presentes.
Bancada petista presente
Para a líder da bancada do PT no Senado Federal, senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), o livro de Miruna é importante para fazer justiça com o ex-deputado e ex-presidente do PT. “José Genoino marcou muito minha vida, foi referência política, de combatividade, sempre muito aguerrido, que lutou pela justiça social no país”, disse Gleisi. “A Minura fez papel não só de filha, mas de cidadã contra a injustiça”, destacou o senador Jorge Viana que foi levar a solidariedade a Genoino e sua família. “O livro é uma forma de reconhecer o trabalho que Genoino fez pela democracia e pelos direitos sociais, em especial na Constituinte de 88”, afirmou o senador José Pimental (PT-CE).
“Se tem uma pessoa que foi injustiçada nesse país foi José Genoino”, disse o senador Lindbergh Farias (PT-RJ), lembrando da campanha contra ele. Para Lindbergh, “Genoino é um símbolo da perseguição a uma causa, a um partido”. “O livro resgata a ideia da política ser feita com luta e emoção, a política humanista que queremos para o nosso país”, disse o senador Paulo Rocha (PT-PA). “O livro afirma a história de um homem que, junto com Miruna, com sua família, resistiu às injustiças, e não trocou de lado”, destacou a senadora Fátima Bezerra (PT-RN). “Genoino é um herói do povo brasileiro”, sintetizou o presidente nacional do PT, Rui Falcão.
História de lutas
José Genoino esteve preso por quase um ano no Presídio da Papuda, no Distrito Federal. Ele foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal a quatro anos e oito meses na Ação Penal 470, sobre o chamado “mensalão”. Com a saúde extremamente debilitada — havia sofrido um aneurisma de aorta pouco antes da decretação de eu encarceramento — ele passou a cumprir pena em regime domiciliar em agosto de 2014 até ser beneficiado por um indulto presidencial, em dezembro do mesmo ano.
Na ocasião, todos os presos em regime aberto ou em prisão domiciliar com menos de oito anos de pena ainda por cumprir foram indultados por ato da presidenta Dilma Rousseff. Em Março de 2015, o Supremo Tribunal Federal extinguiu a pena de José Genoino, que voltou a ser um homem livre.
Nascido em uma comunidade rural de Quixeramobim (CE), Genoino trabalhou na roça até os 13 anos de idade, quando deixou a casa dos pais para estudar. Começou sua luta política em Fortaleza, aluno da Universidade Federal do Ceará, onde dirigiu o Diretório Central dos Estudantes. Militando no PCdoB, mudou-se para a região de Xambioá (PA) onde o partido preparava o foco guerrilheiro em resistência à ditadura militar. Um dos primeiros presos da Guerrilha do Araguaia, ele foi barbaramente torturado e passou os cinco anos seguintes na prisão.
Libertado em 1977, Genoino deu aulas de História em cursos pré-vestibular em São Paulo, ao mesmo tempo em que retomava a sua militância política. Foi anistiado em 1979 e participou ativamente das discussões que desaguaram na fundação do Partido dos Trabalhadores. Na primeira eleição disputada pelo PT, em 1982, elegeu-se deputado federal, cargo ao qual foi reconduzido mais quatro vezes. Em 2002, foi eleito presidente do PT.
Colaborou Cyntia Campos.
Vídeo de Júlio Cesar Oliveira.