No segundo compromisso em Caracas, a comissão de senadores reuniu-se com as esposas de políticos presos sob acusação de promover manifestações violentas, com barricadas – as chamadas guarimbasA comissão suprapartidária de senadores brasileiros em visita à Venezuela já está cumprindo uma extensa agenda de encontros com diversos segmentos políticos e representantes de instituições daquele país. O grupo formado por Lindbergh Farias (PT-RJ), Roberto Requião (PMDB-PR), Telmário Mota (PDT-RR) e Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) chegou a Caracas por volta das 23 horas (hora de Brasília) da quarta-feira (24) e na manhã desta quinta-feira (25) já se encontrou com representantes do comitê das vítimas das chamadas guarimbas – manifestações violentas, com barricadas, organizadas por opositores extremistas e que resultaram na morte de 43 pessoas.
Na chegada a Caracas, na noite da quarta-feira, Lindbergh falou à imprensa brasileira que acompanha a missão dos senadores e voltou a alertar que o papel de todas as forças políticas comprometidas com a democracia é apoiar soluções pacíficas para a crise venezuelana. “A pior coisa que pode acontecer para o Brasil, para a Venezuela e para a América Latina é a Venezuela entrar em uma guerra civil”, lembrou o senador petista. “Nós queremos legalidade democrática e eleições livres”.
E esse apoio passa necessariamente por deixar de lado a postura incendiária e partidária e buscar conversar com todos os setores envolvidos no processo político venezuelano. Depois de encontrar os representantes das vítimas das guarimbas, por exemplo, o compromisso seguinte da missão do Senado era com as mulheres dos oposicionistas Antonio Ledesma e Leopoldo López, presos sob a acusação de incitarem essas manifestações — as esposas de Ledesma e López, além da ex-deputada Maria Corina, também integrante do grupo radical La Salida, estiveram com os senadores da oposição brasileira, que estiveram em Caracas na semana passada.
“Estamos aqui para conversar com todos”, resumiu Lindbergh. A agenda da missão do Senado prevê, ainda, reuniões com a Defensoria do Povo e o Ministério Público venezuelanos, com o presidente da Assembleia Nacional (parlamento), Diosdado Cabello e com a ministra de Relações Exteriores. Um encontro considerado especialmente importante por Lindbergh é com os representantes do MUD- Mesa de la Unidad Democrática, setor da oposição mais moderado, que defende uma saída pela via eleitoral.
Para o senador petista, todos os passos tanto do governo brasileiro quanto de outras instituições devem ser dados com o objetivo de contribuir para fortalecer uma solução pacífica para a Venezuela. “Existiu um risco aqui, principalmente no início de 2014, de esse país descambar para uma guerra civil. Isso é a pior coisa para o mundo”. Sobre o episódio da semana passada, quando um grupo de oito senadores da oposição brasileira, liderados por Aécio Neves (PSDB-MG), tentaram visitar o radical Leopoldo López, Lindbergh avalia que essa não é a melhor postura para ajudar a democracia no país vizinho.
“O erro do Senado foi não enviar à Venezuela [naquela ocasião]uma comissão unitária. Uma coisa é uma visita partidária, por meio da qual se manifesta uma preferência política. Outra é uma missão oficial do Senado”, ponderou o petista. Ele também rebateu as críticas do grupo liderado por Aécio ao fato de o embaixador brasileiro, Ruy Pereira, não ter acompanhado aquela comissão em Caracas. “Existem regras para a diplomacia parlamentar. E também para o comportamento do corpo diplomático. Quem conhece diplomacia sabe que o embaixador brasileiro não poderia estar dentro daquela van, junto com representantes da oposição venezuelana”, esclareceu Lindbergh, destacando que é preciso seguir as regras que orientam os procedimentos nas relações entre países.
O senador petista afirmou que a intenção dessa missão do Senado em Caracas é “fazer um trabalho muito equilibrado. Vamos conversar com todas as partes”. Na volta ao Brasil, os integrantes apresentarão, na tribuna do Senado, as impressões que colheram no país vizinho. Eles já conversaram com senadores da oposição, especialmente Aloysio Nunes (PSDB-SP), presidente da Comissão de Relações Exteriores, para montar uma comissão unitária, com integrantes das diversas forças políticas representadas na Casa, para acompanhar todo o processo eleitoral na Venezuela, até a eleição de 6 de dezembro.
Cyntia Campos
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