O senador Humberto Costa (PT-PE) cobrou a imediata abertura de processo de impeachment contra o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido). Para ele, o ex-ministro da Justiça, Sergio Moro, empurrou o chefe do Executivo irremediavelmente a essa situação, a partir da verdadeira delação premiada que promoveu sobre crimes de responsabilidade cometidos pelo presidente. As declarações de Moro, dadas em seu pronunciamento de saída do ministério, deixaram claro, entre outras coisas, que Bolsonaro queria intervir na Polícia Federal (PF) com a finalidade de obstrução de justiça.
Bolsonaro fez um pronunciamento em que atacou Moro e nada respondeu. No Palácio do Planalto, o presidente reuniu ministros e aliados próximos para tentar rebater as graves denúncias. Mas, em um discurso em que falou de até de tacógrafos e aquecimento da piscina da residência oficial, Bolsonaro enrolou e nada disse de consistente, a não ser acusar Moro de chantagem, como a de que o ministro teria condicionado a troca do diretor-geral da PF à sua nomeação ao cargo de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).
“Em suas declarações, Moro deixou claro que Bolsonaro cometeu crime de responsabilidade e que tentou em várias ocasiões interferir nas determinações e nas ações da Polícia Federal”, aponta o senador.
Segundo Humberto, isso coloca nas mãos do Congresso Nacional a responsabilidade de abrir um processo de investigação para avaliar e confirmar essa postura do presidente da República, que é absolutamente incompatível com o exercício do cargo de presidente.
“Chegou a hora da verdade. O Congresso Nacional, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, tem que tomar uma posição firme e abrir o processo de investigação contra Jair Bolsonaro. O Supremo, aliás, já o cobrou sobre isso. Havia mais de 25 pedidos em sua gaveta até ontem. Depois de hoje, é impossível represar”, afirmou.
Para Humberto, Moro entregou Bolsonaro na tentativa de se eximir de suas próprias responsabilidades como ministro da Justiça. “Moro é a principal testemunha dos crimes de responsabilidade cometidos pelo chefe do Executivo. A verdade é que, pela primeira vez, Jair Bolsonaro está sendo desmascarado de dentro do próprio governo e, justamente, pelo seu ministro mais popular. Criador e criatura se destroem mutuamente. Ambos se merecem”, afirmou.
O senador ainda lembrou que o ex-ministro da Justiça agiu como ator político durante as investigações contra o ex-presidente Lula, mas que inegavelmente teve que reconhecer “a forma republicana como os governos do PT trataram a Polícia Federal, garantindo a sua total e absoluta autonomia”.