Moro e Aécio: relação explícita no “Oscar do Golpe”

Moro e Aécio: relação explícita no “Oscar do Golpe”

Foto: Diego PadgurschiCyntia Campos
07 de dezembro de 2016 | 17:30h

Receber mesada de R$ 120 mil paga com dinheiro desviado de Furnas. Ser o “mais chato” cobrador de propina da empreiteira UTC, investigada na Lava Jato. Desviar R$7,6 bilhões da saúde quando foi governador, segundo o Tribunal de Contas do Estado (TCE). Construir cinco aeroportos em municípios pequenos, todos eles nas proximidades das terras de sua família —um deles na fazenda do tio, que custou R$ 14 milhões. Receber pelo menos R$ 4,4 milhões no esquema original do mensalão.

A ficha corrida acima não pertence a um “perigoso petista”. São as acusações que pairam sobre a insuspeita figura que, na noite da última terça-feira (6), protagonizava a cena de explícito entrosamento — quiçá escancarada ternura — com o maior símbolo de combate à corrupção da hora, o juiz federal responsável pela Operação Lava Jato, Sérgio Moro. Sim, o alentado currículo, construído inclusive a partir de seis delações no âmbito da Lava Jato, pertence ao senador e eterno candidato à presidência da República, o tucano Aécio Neves.

Delações contra tucanos, porém, não pegam. Nem neles, nem nos que os orbitam — basta ver a expressão de Moro na imagem que correu o Brasil para ver que o juiz não está nada preocupado com o contágio.

Sem recato
“Além de o juiz não zelar pela discrição que se espera de um magistrado, as fotos também revelam exacerbada simpatia por agentes políticos do PSDB”, afirmam os advogados do ex-presidente Lula, que nesta quarta-feira (7) juntaram as imagens ao processo que já corre no Tribunal Regional Federal da 4ª Região no qual apontam a suspeição de Moro para julgar o ex-presidente, protocolada em 10 de outubro deste ano.

Na véspera do encontro com Aécio, Moro já havia demonstrado pouco recato em confraternizar com tucanos citados em delações. Foi em um evento do governo do Mato Grosso (do PSDB), ocasião em que rasgou elogios ao único parlamentar do estado a votar contra a punição a juízes e procuradores que pratiquem abuso de autoridade. Apesar da boa ação, o deputado Nilson Leitão é acusado de ter recebido dinheiro desviado da Secretaria de Educação do estado. 

Oscar do Golpe
Moro e Aécio se encontraram na exótica cerimônia de premiação dos “Brasileiros do Ano”, uma espécie de Oscar do Golpe montado pela revista Istoé — e o vencedor foi… Michel Temer, ex-vice decorativo que “recebeu a missão de assumir o comando do País em um momento conturbado política e economicamente”, segundo os organizadores.

Entre os “brasileiros do ano” nas diversas categorias, o prefeito do Rio de Janeiro Eduardo Paes (do PMDB) foi agraciado como o melhor de 2016 na categoria “Gestão”, o futuro prefeito de São Paulo João Dória (Do PSDB) ficou com o troféu de “Revelação Política” e Moro foi o vencedor na categoria “Justiça”. Aécio não ganhou nada.

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