A presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), avaliou nesta terça-feira (2) que a cada pergunta na audiência pública na Câmara, o ministro da Justiça, Sérgio Moro, cai em mais contradições “deixando claro que ele era um juiz parcial e com motivações políticas”. Ela afirmou que Moro “fugiu de diversas perguntas e mentiu sobre fatos conhecidos, como o grampo ilegal dos ex-Lula e Dilma”.
Gleisi Hoffmann destacou que era muito bom ver o Moro sendo inquirido pelos parlamentares. “O senhor, o juiz, hoje ministro do Bolsonaro, arauto da moralidade, inquiriu muita gente, por vezes de forma arrogante, como fez com o presidente Lula, e condenou-o antes de julgá-lo. É verdade que o senhor não está sendo julgado, mas o senhor está em processo de julgamento no Supremo Tribunal Federal por suspeição, em um habeas corpus do presidente Lula”, frisou.
A presidenta do PT também desmascarou Moro, afirmando que não é verdade que ele sempre “age corretamente”. Ela destacou algumas decisões judiciais que cassaram decisões do então juiz Moro. “Aliás, tem uma grande de 2008 que anulou uma operação que o senhor coordenava, que era a Operação Pôr do Sol, por escutas ilegais e tempos ilegais dessas escutas”. Citou também que recentemente o Supremo Tribunal Federal considerou ilegais as conduções coercitivas. “Só o senhor fez mais de 257. Com certeza muitas desnecessárias, como foi a do presidente Lula, porque a lei é clara dizendo que a pessoa tem que ser chamada duas vezes para depor. Se ela se negar tem que ter a condução coercitiva. O senhor nunca chamou o presidente Lula”, acusou.
Gleisi ainda ironizou perguntando ao ministro se ele sabia que o Queiroz – Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro, foi chamado duas vezes para depor e não compareceu. “O senhor acha correto a Justiça do Rio não fazer a condução coercitiva do Queiroz?”, indagou.
Ela também relembrou que o então juiz Sérgio Moro levou um corretivo grande do ministro Teori Zavascki, quando do grampo do ex-presidente Lula com a presidenta Dilma Rousseff. “Como se tratava de uma presidente da República, o senhor tinha que ter remetido para o Supremo Tribunal Federal e o senhor não fez. Vazou em um horário que estava ilegal. Depois, o ministro Teori considerou ilegal e o senhor pediu desculpas. Ele morreu e o senhor voltou a dizer que o grampo era legal. Por que o senhor mentiu para o ministro Teori? Por que o senhor escondeu informações do Supremo Tribunal Federal?”, questionou.
Tacla Durán
Gleisi Hoffmann ainda falou sobre o advogado da Odebrecht Tacla Durán, que denunciou o advogado Marlus Arns de ser extorquido em mais de R$ 600 mil, e mostrou o depósito para o jornalista Jamil Chade. “Ele também acusou o advogado Carlos Zucolloto. Eu quero lhe fazer perguntas bem objetivas. A sua esposa, Rosângela Moro, trabalhou ou teve escritório com os advogados Marlus Arns e Carlos Zucolloto? O senhor ou sua esposa mantém ou mantiveram alguma conta no exterior? Já receberam direta ou indiretamente valores do exterior? O senhor já fez viagens ao exterior acompanhado do advogado Zucolloto? Ele já fez pagamentos em favor do senhor nessas viagens, passagens, hospedagens, restaurantes? As indagações ficaram sem respostas.
Vânia Rodrigues