Um manifesto importante protagonizado por artistas e intelectuais, ativistas e lideranças indígenas, chamou a atenção, nesta terça-feira (12) para um tema que dominou o Congresso Nacional nos últimos dias. A defesa da RENCA, uma reserva mineral localizada entre os estados do Pará e Amapá, foi colocada de forma contundente para o parlamento brasileiro, e mostrou que a defesa da Amazônia é sim um tema que mobiliza a sociedade.
O movimento composto por artistas e intelectuais, políticos de diversos partidos e estados, e lideranças indígenas, entregaram aos presidentes Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Eunício Oliveira (PMDB-CE) abaixo-assinado contendo mais de um milhão e quinhentas mil assinaturas coletadas em todo o país, que pede a imediata revogação do decreto presidencial sobre a extinção da RENCA e o fim das pautas negativas que ameaçam a Amazônia e o meio ambiente, além de exigir a imediata demarcação das terras indígenas e dos territórios quilombolas.
Na delegação em defesa da Amazônia, nomes expoentes da cultura brasileira como as atrizes Christiane Torlone, Alessandra Negrini, Susana Vieira e Arlete Salles, o humorista Luís Fernando Veríssimo, o ator Victor Fasano e os cantores Tico Santa Cruz e Maria Gadú e, ainda, a produtora cultural Paula Lavigne. Uma carta lida em forma de jogral deu o tom do movimento sobre a preocupação da Nação brasileira sobre o gravíssimo ataque à floresta, considerada como um “patrimônio da humanidade sob a guarda do Brasil”.
Indígenas cobram fim da violência contra tribos
O ato também foi marcado pela importante defesa dos povos indígenas, com a presença da líder Sonia Guajajara que definiu a terra como sendo “a proteção da própria vida”; cobraram o fim da violência e punição para o massacre dos povos isolados da Amazônia, ocorrido recentemente, na divisa com o Peru, e a imediata demarcação das terras. Num gesto mais político, o Cacique Ariré bradou: “Viva a RENCA e Fora Temer”, e foi aclamado pelos manifestantes.
O movimento foi recebido no Congresso pelos deputados Nilto Tato (PT-SP), Alessandro Molon (REDE-RJ) e Jandira Feghalli (PCdoB-RJ), e os senadores Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), Jorge Viana (PT-AC), Paulo Rocha (PT-PA) e Randolfe Rodrigues (REDE-AP), autores de um Projeto de Decreto Legislativo que susta o decreto presidencial.
Durante o ato, o senador Jorge Viana informou ao presidente Eunício que o relatório já está pronto para ser levado ao plenário. O senador Paulo Rocha alertou que a suspensão do decreto presidencial “é uma cortina de fumaça” e que o governo tenta reduzir a pressão da sociedade e ganhar tempo para trabalhar politicamente a aprovação da nova versão no Congresso Nacional.