Representantes de movimentos sociais e coletivos de mulheres lançaram, na tarde desta quarta-feira (1º) um manifesto contra a reforma da Previdência apresentada pelo governo ilegítimo. Na abertura do ano legislativo,em ato no corredor que liga as comissões ao plenário da Câmara, elas aguardam a assinatura de parlamentares ao texto que protesta contra a retirada dos direitos que a Constituição brasileira assegura às trabalhadoras.
Não aceitaremos nenhum direito a menos é o mote da movimentação, que contou com o apoio de parlamentares petistas, como Benedita da Silva (RJ), Maria do Rosário (RS) e Erika Kokay (DF). “A democracia está sendo ferida de morte com essa reforma da Previdência”, disse Benedita. “Com essa determinação, estamos dizendo: não toquem em nossos direitos”, acrescentou Érika. “Essa reforma retira direitos das mulheres trabalhadoras do campo e da cidade” ,acrescentou Maria do Rosário.
“Não há como comparar a vida de mulheres e homens que trabalham num País como o Brasil, onde o trabalho doméstico e a criação dos filhos ficam quase sempre por conta da mão de obra feminina”, explica Tati Magalhães, do Coletivo Rosas pela Democracia.
Vale lembrar que o trabalho doméstico, além de não remunerado, limita as possibilidades de ascensão profissional das trabalhadoras e, com isso, reduz seu patamar salarial. Se o Brasil fosse um país onde o machismo e a misoginia não fossem a regra, a equiparação de idade mínima para aposentadoria – 65 anos para homens e mulheres – talvez fizesse sentido.
Hoje, as trabalhadoras podem se aposentar com 55 anos e 30 de contribuição, mas Michel Temer e seus aliados querem impor mais dez anos de jornada. “Num país desigual como o Brasil, retirar a aposentadoria diferenciada é reproduzir desigualdades e aprofundar abismos sociais e econômicos”, diz o manifesto, entregue indistintamente a parlamentares, funcionários da Câmara e jornalistas.
Tati Magalhães explica que o documento é só o primeiro passo de um corpo-a-corpo que a militância feminina fará para enfrentar a previdência golpista e garantir os poucos direitos garantidos às trabalhadoras. A Proposta de Emenda Constitucional (PEC 287) cai como uma bomba sobretudo sobre as mulheres negras, as que moram e trabalham em áreas rurais ou periferias e as portadoras de necessidades especiais. “É uma afronta”, resume Tati .”Tire seu golpismo do caminho que vamos passar com nossos direitos, acrescentou.
Assinam o manifesto a Marcha das Margaridas, o Movimento de Mulheres Camponesas, a Secretaria de Mulheres da CUT-DF, a Secretaria de Mulheres do PT-DF, o Coletivo Rosas pela Democracia, a Marcha Mundial de Mulheres, o Sempre Viva Organização Feminista, o Sindicato dos Professores do DF (Sinpro-DF), o Centro Feminista de Estudos e Assessoria (CFMEA) e o Fórum das Promotoras Legais Populares.
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