Munida de um habeas corpus preventivo, para repetir o comportamento de depoentes anteriores que nada disseram aos parlamentares da Comissão Parlamentar Mista (CPMI) que investiga a organização criminosa de Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlos Cachoeira, a ex-mulher do contraventor, Andrea Aprigio, surpreendeu. Depois da leitura de um documento preparado por seu advogado, para se defender de acusações publicadas desde que Cachoeira foi preso pela Polícia Federal, o relator, Odair Cunha (PT-MG), lembrou-a de que, como havia usado de seu direito de usar a palavra, agora precisava ouvir os questionamentos. Acuada, Andréa aceitou a proposta dos parlamentares. Ela deporia em sessão secreta, sem a presença da imprensa ou de assessores dos parlamentares.
A decisão de falar sob sigilo, na verdade, foi a alternativa disponível para Andrea. Como usou da palavra, Andréa permitiu que o relator, Odair Cunha (PT-MG) fizesse as perguntas que ela não queria ouvir. Ela até poderia ficar calada. Mas precisava passar pelo questionamento. A mulher de Cachoeira disse que não sabia da regra. O relator respondeu: “pois agora a senhora está informada e eu farei as perguntas”.
Odair Cunha queria saber sobre a evolução de seu patrimônio e sobre empréstimo de R$ 1,9 milhão concedido a ela pelo contraventor. Sentindo-se pressionada pela obrigatoriedade de responder, queixou-se da exposição de seus filhos menores. “O crescimento de meu patrimônio é compatível com a minha renda”, disse. Assegurou ainda que nenhuma de suas empresas tem qualquer relação com quaisquer negócios ilícitos e que tudo foi investigado durante a Operação Monte Carlo
Ao final, disse estar desconfortável com o que chamou de “exposição excessiva de minha imagem” e apelou para os parlamentares: “os senhores também têm família e alguns também têm filhos e por isso, gostaria que entendessem minha decisão de protegê-los”
Após insistir que não queria responder a pergunta alguma apenas respondeu: “se eu soubesse que seria submetida a questionamentos, não teria falado; eu apenas quis ser respeitosa com essa Comissão”.Pouco depois, aceitou a única solução possível: a sessão secreta.
Giselle Chassot
Foto home: Agência Câmara
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