Mulher de Cachoeira depõe à CPI nesta terça-feira

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga as relações do contraventor Carlos Augusto de Almeida Ramos – o Cachoeira ouve nesta semana quatro pessoas supostamente ligadas à organização criminosa investigada pela comissão. Entre os convocados, dois se destacam: a atual companheira do contraventor, Andressa Mendonça, e o ex-cunhado, Adriano Aprígio. Os dois são importantes personagens por conta de suas relações pessoais com Cachoeira. Andressa será ouvida na terça-feira (07/08) e Adriano – irmão da ex-mulher de Cachoeira, Andréa Aprígio, e preso no dia 06 e julho sob a acusação de ameaçar a procuradora Léa Batista de Oliveira – na quarta-feira (08/08).

A própria Andréa foi convocada e deveria depor também na quarta-feira, mas impetrou habeas corpus com pedido de liminar para garantir o direito ao silêncio durante o depoimento. Andréa e Cachoeira foram casados por quase vinte anos e, após a separação, ela se tornou dona do laboratório Vitapan, empresa envolvida no esquema de Cachoeira.

Apontado como contador da organização criminosa de Carlinhos Cachoeira, Rubmaier Ferreira de Carvalho também pediu ao Supremo que garantisse seu direito de permanecer em silêncio. Ele é suspeito de ser o responsável pela abertura de empresas que seriam usadas como fachada por Cachoeira para lavar dinheiro. Seu depoimento também está previsto para quarta-feira.

Outro depoente convocado para a próxima semana, o policial federal aposentado Joaquim Gomes Thomé Neto, já garantiu o direito de não falar. Considerado um dos arapongas do grupo, ele já havia sido convocado no início de julho, quando conseguiu a decisão favorável, mas apresentou atestado médico à comissão. O depoimento dele está marcado para a terça-feira (07/08).

Chantagem

Andressa é acusada de tentar chantagear o juiz federal Alderico Rocha Santos, da 11ª Vara Federal de Goiânia.  Segundo o magistrado, ela teria tentado garantir a libertação e Cachoeira, preso desde o mês de fevereiro usando como “argumento” um dossiê com informações e fotos do magistrado com políticos e empresários que estariam sob suspeita.

Ela já havia sido convocada antes do recesso, sob a argumentação de que “circulava entre figuras importantes, como políticos, empresários e jornalistas” e teria conhecimento sobre a rede de influência de Carlinhos Cachoeira.

Andressa está sendo apontada como uma das laranjas do esquema criminoso de Cachoeira por integrantes da CPI. Há inclusive a intenção de pedir a quebra dos sigilos bancário e telefônico da mulher do contraventor.

Mais depoimentos

Também nesta terça-feira, estão previstos os depoimentos do policial federal aposentado Joaquim Gomes Thomé Neto, um dos “arapongas” do grupo de Cachoeira. Ele já havia sido convocado no início de julho, mas apresentou atestado médico alegando não estar em condições de comparecer à comissão por ter se submetido a um cateterismo.

Outros dois depoentes que podem ficar calados porque já obtiveram decisões favoráveis do Supremo são a ex-mulher de Cachoeira, Andréa Aprígio, e o contador Rubmaier Ferreira de Carvalho, apontado como responsável pela abertura de empresas que seriam usadas como fachada por Cachoeira para lavar dinheiro. O depoimento deles está marcado para a quarta-feira (8).

Governadores

O governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), pode não ser o único a ter que dar explicações à CPI do Cachoeira após o recesso parlamentar de julho. Requerimentos para a convocação de outros três chefes de Executivos estaduais aguardam votação da comissão parlamentar de inquérito mista que investiga a relação do contraventor goiano com agentes públicos e privados.

Um dos que podem ser chamados é Siqueira Campos (PSDB), governador do Tocantins. Já há três pedidos para ouvi-lo. O deputado Rubens Bueno (PPS-PR), por exemplo, quer que ele explique recente matéria publicada pelo jornal Folha de S. Paulo mostrando que quase metade dos recursos financeiros recebidos pelo comitê do PSDB daquele estado, na eleição de 2010, veio de empresários ligados a Cachoeira. Seriam R$ 4, 3 milhões de um total declarado de R$ 10,5 milhões à Justiça Eleitoral.

De acordo com o requerimento de Rubens Bueno a ser analisado pela CPMI, o maior doador para o PSDB no Tocantins foi o empresário Rossine Aires Guimarães, com R$ 3 milhões, cuja convocação já foi aprovada pela comissão parlamentar de inquérito. “Dono de uma construtora, ele é, conforme a PF, o principal parceiro de negócios de Cachoeira, ao lado de Cláudio Abreu, diretor regional da empreiteira Delta”, informa o deputado.

O deputado Filipe Pereira (PSC-RJ), por sua vez, tem intenção de chamar o governador do Mato Grosso, Silval Barbosa (PMDB). Segundo o parlamentar, escutas da Polícia Federal demonstraram que Carlinhos Cachoeira tinha interesse em assumir o controle da loteria estadual. Além disso, informa o requerimento, a Delta mantém contrato de locação de viaturas para as polícias Civil e Militar.

Felipe Pereira também é autor de outro requerimento pedindo a oitiva do governador do Mato Grosso do Sul, André Puccinelli. A justificativa do parlamentar é de que a Delta tem “milhões em negócios em obras estaduais, federais e licitações de prestação de serviços” naquela unidade da federação.

Ainda de acordo com o deputado, o Tribunal de Contas da União (TCU) apontou pelo menos três obras em rodovias estaduais com falhas que poderão ser questionadas por conta da qualidade dos serviços prestados.

Perillo

Apesar de já ter sido ouvido pela CPI mista em 12 de junho, o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB) pode ter de voltar à comissão depois que o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) apresentou novo requerimento para convocá-lo.

O pedido é baseado em reportagem da revista Época, que denunciou que o governador teria recebido propina para liberar pagamentos do governo do estado à empreiteira Delta. O negócio teria ocorrido por meio da venda da antiga casa de Perillo, onde Cachoeira foi preso pela Polícia Federal em fevereiro deste ano.

Giselle Chassot com informações das agências de notícias

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