Jornada de lutas

Mulheres do MST ocupam Nestlé contra privatização das águas

Elas denunciam entrega das águas às corporações internacionais durante o Fórum Mundial da Água
Mulheres do MST ocupam Nestlé contra privatização das águas

Foto: MST

A sede da Nestlé em São Lourenço (MG), foi ocupada por 600 mulheres do Movimento dos Sem Terra, na manhã desta terça-feira (20). As mulheres, que seguem na Jornada Nacional de Lutas, em continuidade às mobilizações do dia 8 de março, denunciam a entrega das águas às corporações internacionais, conduzida a passos largos pelo governo de Michel Temer. Elas alertam para as possíveis negociatas que ocorrem no Fórum Mundial das Águas, que teve início dia 17 e segue até 23 de março, em Brasília.

“A ocupação objetivou dar visibilidade para o que o governo Temer está pretendendo ao negociar nossas águas com essas grandes corporações. Não podemos admitir que os bens naturais sejam negociados à nossa revelia. A água é um bem comum da humanidade, defendê-la é uma questão de soberania. O verdadeiro sentido desse Fórum é fazer um leilão de mais um recurso natural do Brasil”, disse Nivia Silva, uma das dirigentes do MST, presente na ocupação.

Em janeiro deste ano Michel Temer e o presidente da Nestlé, Paul Bulcke, se reuniram para discutir a exploração do Aquífero Guarani. A reserva abrange quatro países. A empresa, que controla 10,5% do mercado mundial de água, está instalada no município desde 1994, quando comprou as fontes e o Parque das Águas de São Lourenço.

O processo de envase leva ao mercado duas marcas, a São Lourenço e a Pure Life. Esta última foi comercializada sem licença estadual de 1999 até 2004, quando o governo Aécio Neves (PSDB), presenteou a empresa com a autorização. No entanto, uma ação civil pública contra a Nestlé apurou a água produzida era ilegal. A Nestlé fazia a retirada de todo o minério do líquido através de um processo químico, para em seguida adicionar sais minerais de sua própria patente.

Segundo os dados oficiais, são sacados 19 milhões de litros de água por ano. Como não há uma legislação específica sobre o mercado, resta à União, ao município e ao Estado uma compensação financeira. Em 2016, isso significou para São Lourenço, irrisórios 563 mil reais.

O protesto das mulheres foi dispersado pela polícia no fim da manhã, mas a dirigente do MST explicou que elas vão continuar com as lutas durante todo o ano.

A Senadora Regina Sousa (PT/PI), presente ao Fórum Mundial da Água, disse que é preciso de fato desconfiar das ações do governo Temer, que está entregando os bens públicos para o capital internacional. “Da forma como esse governo está agindo, se alguém oferecer um bom negócio ele vai vender. As mulheres estão à frente desses protestos com toda razão, porque são elas que mais sofrem com a falta da água, no Nordeste especialmente, onde elas precisam caminhar quilômetros para alimentar e matar a sede de suas famílias. Temos que reagir, temos que lutar, pois desse governo não se pode esperar coisa boa”, concluiu.

Marielle vive!
As mulheres sem-terra reivindicaram ainda a memória de Marielle, exigindo justiça e punição aos responsáveis.

Confira a Carta de São Lourenço, elaborada pelo Movimento dos Sem Terra sobre a ocupação da Nestlé

Com informações do Brasil de Fato

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